Quais são as complicações da malária, doença que afetou Sebastião Salgado
Fotógrafo lidava com um distúrbio sanguíneo associado à condição desde 2010, quando foi diagnosticado

Wagner Lauria Jr.
Sebastião Salgado, o maior fotógrafo brasileiro, morreu hoje aos 81 anos, em Paris, na França. A causa da morte não foi oficialmente divulgada, mas o artista enfrentava há anos problemas de saúde decorrentes de uma forma grave de malária, contraída durante uma expedição à Nova Guiné, em 2010.
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Em entrevista à Revista Piauí, em 2024, o artista relatou as consequências da doença: desde então lidava com um distúrbio sanguíneo associado à condição.
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"Minha máquina de fabricar glóbulos brancos e plaquetas quebrou. Não funciona mais de maneira adequada", disse Salgado na ocasião. Ele também afirmou fazer exames periódicos para monitorar os níveis do sangue.
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O que é a malária e quais são os riscos?
A malária é uma doença infecciosa grave, causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, conhecido como mosquito-prego. Existem cinco tipos da doença, sendo o Plasmodium falciparum o mais perigoso e letal — e que afetou Salgado.
A infecção afeta os glóbulos vermelhos e, nos casos mais graves, pode comprometer órgãos como cérebro, pulmões e rins. Os sintomas costumam surgir entre 7 e 30 dias após a picada, podendo incluir febre, calafrios, dores no corpo, fadiga, anemia, vômitos e até queda de pressão arterial.
Segundo o Ministério da Saúde, a maior parte dos casos de malária no Brasil são causados pelo Plasmodium vivax, que costuma ter menos complicações associadas. De acordo com a Pasta, mais de 35,5 mil casos foram notificados em 2025 no país.
Apesar de tratável com medicamentos antimaláricos — fornecidos gratuitamente pelo SUS —, a forma grave da doença, como a que acometeu Salgado, pode deixar sequelas permanentes, especialmente quando diagnosticada tardiamente.
Ainda não há vacina disponível para a população brasileira — embora uma vacina contra o tipo vivax, desenvolvida na USP, esteja em fase de patente. A prevenção pode ser feita com o uso de mosquiteiros, repelentes, roupas protetoras e obras de saneamento em áreas de risco.
Cloroquina pode ser usada no tratamento da malária
A cloroquina, medicamento alvo de polêmicas durante a pandemia, após o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados defenderem o seu uso contra a Covid-19 mesmo sem comprovação científica, pode ser utilizada no tratamento de alguns tipos de malária. Mas a sua recomendação requer orientação médica.