Relembre a trajetória de Sebastião Salgado; fotógrafo morreu aos 81 anos
Brasileiro teve suas obras reconhecidas mundialmente e ganhou diversos prêmios

Giovanna Tuneli
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. Ele vivia em Paris, na França, e era considerado um dos maiores fotojornalistas do mundo. A causa da morte ainda não foi informada. O artista era conhecido por seu olhar único, a sua fotografia documental, que muitas vezes promovia uma denúncia social.
Economista de formação, entre 1971 e 1973, Salgado trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café, em Londres. Durante uma viagem para Angola, em que coordenou um projeto cultural sobre o café, passou a fotografar por hobby.
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Em 1973, aos quase 30 anos, o brasileiro escolheu se tornar fotógrafo profissional, na capital francesa. Trabalhou alternadamente nas agências Sygma, Gamma e Magnum até 1994. O fotojornalista viajou por mais de 100 países especialmente por causa de seus projetos de longo prazo.
O primeiro trabalho profissional foram registros da Revolução dos Cravos, em 1973. No decorrer da carreira, a obra de Sebastião Salgado foi exibida em inúmeras publicações, como "Outras Américas" (1986), "Serra Pelada" (1999), "O Berço da Desigualdade" (2005) e "Kuwait, um Deserto em Chamas" (2016). Em 1981, como repórter fotográfico do jornal norte-americano New York Times, foi convocado para registrar os primeiros 100 dias do governo do presidente Ronald Reagan.
O fotógrafo trabalhou, durante mais de um ano, com o grupo Médicos Sem Fronteiras, percorrendo a região do Sahel, na África, documentando a devastação causada pela seca no local. Entre 1986 e 1992, produziu a série “Trabalhadores”, mostrando as condições de vida dos trabalhadores por diversos países.
Principais obras
Entre os principais projetos fotográficos do fotojornalista estão: Outras Américas (1986), Serra Pelada (1999), Êxodos (2000), O Fim da Pólio (2003), Um Incerto Estado de Graça (2004), O Berço da Desigualdade (2005), África (2007), Gênesis (2013), Perfume de Sonho (2015), Gold (2019) e Amazônia (2021).
Prêmios e honrarias
Sebastião Salgado teve o trabalho reconhecido em várias partes do mundo. Confira os principais prêmios e honrarias conquistadas por ele:
- Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária (Estados Unidos, 1982);
- Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998);
- Prêmio Unesco para Iniciativas Bem-Sucedidas” (1999);
- Prêmio World Press Photos;
- Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos;
- Membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências, Estados Unidos;
- Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo (2016);
- Eleito para o Quadro de Cadeiras de Fotógrafos da Academia de Belas Artes da França (2017);
- Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão (2019).
Além disso, ele ganhou o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles.
Documentário O Sal da Terra
O documentário O Sal da Terra acompanhou desde seus primeiros trabalhos até o projeto “Gênesis”, concluído em 2012 e publicado em 2013. Em 2014, foi premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário. O filme foi codirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo.
Juliano falou brevemente ao SBT em fevereiro de 2015 sobre a indicação. Veja aqui.
Instituto Terra
Em 1998, com a esposa Lélia Wanick Salgado, decidiu restaurar uma floresta na antiga fazenda da família, em Minas Gerais. Primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em recuperação no Brasil, o local – que antes era pasto – virou uma floresta com mais de 600 hectares de biodiversidade da Mata Atlântica recuperada. No mesmo ano, foi criado o Instituto Terra, cuja missão é o reflorestamento e a educação ambiental.
Também ao lado da companheira, Salgado abriu sua própria agência – a Amazonas Images.
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Nota de falecimento
A morte de Sebastião Salgado foi confirmada pelo Instituto Terra. Veja a nota feita nas redes sociais do projeto criado pelo fotógrafo: