"Colapso iminente em Gaza": agências da ONU alertam para falta de suprimentos no enclave palestino
Em comunicado conjunto, sete órgãos das Nações Unidas pedem fornecimento imediato de combustível para evitar colapso de serviços essenciais na região

SBT News
A crise de combustível na Faixa de Gaza atingiu um ponto crítico, colocando em risco todas as operações humanitárias e a vida dos 2,1 milhões de habitantes que dependem de ajuda, segundo alertaram agências da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma declaração conjunta divulgada neste fim de semana.
"O combustível é a espinha dorsal da sobrevivência em Gaza", afirmaram OCHA, UNDP, UNFPA, UNOPS, UNRWA, WFP e OMS. Sem ele, destacaram, os serviços essenciais não podem funcionar, comprometendo o atendimento a milhões de pessoas.
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De acordo com o comunicado, unidades de maternidade, neonatais e de terapia intensiva estão deixando de funcionar, e ambulâncias já não conseguem circular. A escassez ocorre em um contexto de grave insegurança alimentar e violência constante, o que, segundo as agências, empurra Gaza para uma catástrofe humanitária ainda maior.
As entidades alertaram que, sem combustível, todas as operações poderão ser paralisadas. Isso significaria a interrupção dos serviços de saúde, da distribuição de água potável e da entrega de alimentos e outros tipos de assistência.
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Apesar de uma pequena remessa de 75 mil litros de combustível ter sido autorizada em dois dias por Israel – a primeira em 130 dias –, a quantidade está muito abaixo das necessidades diárias da população e da infraestrutura civil do território.
Em Nova York, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, declarou na última sexta (11) que a situação "é grave e piora a cada dia". Ele reforçou que a falta de cessar-fogo causa mortes evitáveis diariamente, com crianças morrendo em sofrimento e pessoas famintas sendo atingidas enquanto tentam acessar a pouca ajuda disponível.
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Dujarric criticou também as restrições impostas por Israel ao transporte de ajuda. Segundo ele, na última quinta (10), apenas seis das 15 missões humanitárias coordenadas com as autoridades israelenses foram viabilizadas. Outras cinco foram negadas e quatro enfrentaram obstáculos logísticos.
Uma das missões, destinada ao resgate de feridos sob escombros na Cidade de Gaza, só foi autorizada dois dias após o pedido, o que impediu o salvamento de vidas. "Quando a missão finalmente foi autorizada ontem, ninguém mais foi encontrado com vida", relatou.
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Além da falta de combustível, itens essenciais como tendas e materiais de abrigo estão bloqueados há mais de quatro meses, expondo milhares de pessoas às duras condições climáticas.
A insegurança também ameaça os próprios trabalhadores humanitários. "Cinco ataques ocorreram a apenas algumas centenas de metros de onde estavam atuando funcionários da ONU nesta semana", informou Dujarric. Voluntários do Crescente Vermelho foram baleados ao tentar socorrer um colega ferido.
Diante do cenário, as agências da ONU pedem a entrega imediata e constante de combustível em larga escala, além de acesso total e seguro a todas as áreas de Gaza. "A urgência deste momento não pode ser subestimada", reforçaram. "Sem combustível, Gaza enfrenta o colapso completo dos esforços humanitários."