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Saúde

Microplástico são identificados em cérebros humanos. O que isso significa?

Estudo da Nature revela que microplásticos entram no corpo pela ingestão ou inalação. Os impactos à saúde ainda estão sendo investigados

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Poluição - Reprodução/Freepik
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Pesquisadores identificaram microplásticos em cérebros humanos, segundo um estudo publicado na revista Nature neste mês. A descoberta levanta preocupações sobre os possíveis impactos dessas substâncias na saúde.

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O processo para identificar o material consiste em isolar as partículas plásticas. Para isso, os cientistas utilizaram um processo químico que dissolve os tecidos cerebrais. O toxicologista Matthew Campen tem aplicado esse método para rastrear microplásticos e nanoplásticos em corpos humanos. No estudo, foram encontrados cerca de 10 gramas de plástico em um cérebro humano doado, o equivalente ao peso de um giz de cera novo.

Os pesquisadores acreditam que os microplásticos entram no organismo por meio da ingestão de alimentos e água contaminados ou pela inalação de partículas suspensas no ar. Uma vez no corpo, essas substâncias podem atingir a corrente sanguínea e, eventualmente, o cérebro. Além do sistema nervoso, estudos anteriores já haviam detectado a presença dessas partículas em órgãos como fígado e rins.

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Os riscos para a saúde

A identificação de microplásticos no corpo humano é apenas o primeiro passo. O maior desafio é entender como essas partículas afetam a saúde, pois elas variam em tamanho, forma e composição química, o que pode influenciar seus efeitos sobre células e tecidos.

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Em laboratório, cientistas observaram que a exposição a microplásticos pode causar morte celular, inflamações e danos aos tecidos. Experimentos com animais mostraram que essas partículas podem obstruir o sistema digestivo e comprometer a reprodução.

Com base nesses achados, pesquisadores suspeitam que os microplásticos estejam ligados a doenças como câncer, problemas cardíacos, renais, Alzheimer e infertilidade.

No entanto, ainda não há provas concretas de que essas substâncias causem diretamente esses problemas em humanos.

Alerta sobre o consumo de plástico

A produção de plásticos, iniciada há menos de um século, bate recordes anuais e pode levar centenas ou até milhares de anos para se degradar, gerando trilhões de microplásticos ao longo do tempo.

Em 2023, por exemplo, os consumidores alemães classificaram os microplásticos em alimentos como sua principal preocupação ambiental e de saúde.

Nos últimos dois anos, países de todo o mundo têm negociado um tratado global para reduzir a poluição por plásticos. Liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o acordo pode impor limites à produção do material, reduzindo a contaminação ambiental por microplásticos. No entanto, as negociações ainda não chegaram a um consenso definitivo, e novas reuniões estão previstas para este ano.

Na contramão dessa tendência, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou recentemente uma ordem executiva incentivando o uso de canudos de plástico no país. A medida revoga uma decisão do governo de Joe Biden, que estimulava a substituição dos canudos plásticos por versões de papel.

Atualmente, cerca de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente, e esse número pode mais que dobrar até 2050.

Mesmo que a produção fosse interrompida hoje, as cerca de 5 bilhões de toneladas de plástico já descartadas no meio ambiente e em aterros continuariam se degradando, liberando microplásticos por tempo indeterminado. Controlar essa poluição agora é essencial para evitar que o problema se agrave ainda mais.

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