"Tentativa de envenenar eu e Alckmin não deu certo e nós estamos aqui", diz Lula sobre plano golpista
Presidente falou publicamente pela primeira vez sobre suposta trama golpista; quatro militares e um policial federal foram presos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (21), que precisa "agradecer por estar vivo", em referência às investigações da Polícia Federal (PF) sobre suspeita de articulação de um golpe de Estado por militares. Foi a primeira fala pública do chefe do Executivo sobre assunto. Nessa quarta (20), havia citado rapidamente suposta trama golpista em evento fechado com presidente da China.
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Segundo a PF, fazia parte do plano matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo do grupo era impedir a posse da chapa que venceu as eleições de 2022 e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.
"Eu sou um cara que tem que agradecer, agora muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o Alckmin não deu certo e nós estamos aqui", disse Lula logo no começo de discurso em evento de divulgação do Programa de Otimização de Contratos de Concessão de Rodovias, realizado no Palácio do Planalto, em Brasília.
Em outro momento, o presidente reforçou que não deseja vingança, mas "desmoralizar" governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os números da atual gestão.
"É esse país, companheiros, sem perseguição, sem estímulo do ódio, sem estímulo da desavença que a gente precisa construir [...] Eu não quero envenenar ninguém, eu não quero perseguir ninguém", falou o chefe do Executivo.
"A única coisa que eu quero é que no final desse mandato a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Quero medir com números quem fez mais escola, quem cuidou dos mais dos pobres, quem fez mais estradas, mais pontes, quem pagou mais salário mínimo neste país. É isso que conta no resultado da governança", completou.
"Punhal Verde e Amarelo"
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã de terça (19), a operação Contragolpe, mirando militares e envolvidos em planejamento de golpe de Estado após eleições de 2022 e assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Moraes.
A PF identificou que investigados são, "em sua maioria", militares das Forças Especiais (FE), os chamados "kids pretos". Por isso, membros dessa organização criminosa golpista usaram "conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022". Quatro militares, entre eles o general da reserva Mario Fernandes, e um policial federal foram presos na força-tarefa.
Uma das reuniões para definir o plano de execução do golpe e do assassinato de autoridades foi realizada na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022.