Em depoimento ao STF, Tarcísio nega golpismo por parte de Bolsonaro
Governador de SP disse que o então presidente estava conformado com a derrota nas urnas, mas "jamais tocou nestes assuntos de tentativa de ruptura" democrática

Paola Cuenca
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta (30.05), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Jair Bolsonaro (PL) "jamais tocou nestes assuntos de tentativa de ruptura" da ordem democrática. Ouvido como testemunha de defesa do ex-presidente, ainda defendeu a posição de que Bolsonaro não teria qualquer ligação com os ataques do dia 8 de janeiro de 2023.
O governador e ex-ministro da Infraestrura foi questionado somente pelo advogado Celso Vilardi, integrante da equipe de defesa de Bolsonaro. Nem o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, nem o relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, fizeram perguntas a Tarcísio.
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Tarcísio: Bolsonaro tinha "preocupação de que a coisa desandasse" no governo Lula
Segundo Tarcísio, Bolsonaro ficou deprimido com a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, mas "resignado". À época já eleito governador, ele disse ter se encontrado com o aliado em diversas ocasiões em Brasília, enquanto realizava a mudança da família para São Paulo.
"Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério de janeiro de 2019 a março de 2022, neste período que estive presente, na reta final do governo, [Bolsonaro] jamais tocou nestes assuntos de qualquer tentativa de ruptura. Presidente estava triste, resignado. Na primeira visita [15 de novembro de 2022], eu tive a oportunidade de ver a situação de saúde: presidente com erisipela, acesso no braço. Conversávamos muito e este assunto nunca veio à pauta", relatou.
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O governador disse ter buscado orientações de Bolsonaro para a formação do secretariado no estado paulista. No depoimento, Tarcísio expôs que Bolsonaro estaria preocupado com a gestão do governo eleito: "O único comentário [sobre o governo que iria assumir] era de lamentar e a preocupação de que que a coisa desandasse".
Questionado, Tarcísio disse não identificar relação entre o ex-presidente e os ataques de 8 de janeiro: "Sequer estava no Brasil". "Eu lembro, na reta final, o presidente fazendo uma live dizendo que tinha preocupação, mas que nada acabava com o novo governo, que a vida segue e a vida continua", comentou.