PSOL pede que PGR investigue possível participação de Nikolas em plano para violar tornozeleira de Bolsonaro
Partido também solicita quebra de sigilo telefônico e apuração por facilitação de fuga


Jessica Cardoso
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados apresentou, nesta quarta-feira (26), uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que seja investigada a possível participação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no planejamento da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O pedido, assinado por 12 parlamentares, também requer a instauração de um inquérito para apurar crime de desobediência e facilitação de fuga de Bolsonaro.
Segundo o documento, Nikolas foi filmado utilizando seu celular durante visita ao ex-presidente, apesar de decisão expressa do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibia o uso de aparelhos por visitantes.
No texto enviado à PGR, os deputados afirmam que “o parlamentar se manifestou nos autos da Ação Penal 2.668 [relacionada ao núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado], requerendo direito de visita e esclarecimentos quanto às regras para visitação, recebendo como resposta que deveria seguir as normas anteriormente impostas. Entre elas, constava expressamente a proibição de visitantes utilizarem celulares, tirarem fotos ou gravarem imagens”.
A representação também alega que a visita de Nikolas ocorreu poucas horas antes da tentativa de inutilização da tornozeleira, feita com um ferro de solda por Bolsonaro.
Os parlamentares afirmam que há indícios suficientes para investigar se ele atuou na preparação da ação.
“A visita ocorreu horas antes da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro. Teria o parlamentar participado de alguma forma do planejamento desta ação? É de interesse público responder a essa pergunta, pois um parlamentar em exercício não pode coadunar com atos preparatórios de um crime”, dizem.
O texto aponta que o uso do celular configura descumprimento de decisão judicial e contraria o argumento apresentado por Nikolas nas redes sociais, segundo o qual ele desconhecia qualquer restrição.
Para o PSOL, o deputado “omite que sim, em 11 de novembro [quando o ministro Alexandre de Moraes autorizou a visita], ele havia sido formalmente avisado das regras de visitação que já vigoravam há mais de três meses” e que sua explicação demonstra “deliberada má-fé” ao tentar manipular a opinião pública.
O grupo também solicita perícia técnica no celular do deputado e a quebra de seus sigilos telefônicos e telemáticos.
“A medida é imprescindível para demonstrar a existência de planejamento, coautoria ou participação nos atos de violação da tornozeleira e na organização da vigília”, afirma o documento.
Os deputados pedem ainda que Nikolas seja proíbido de entrar em contato e visitar Bolsonaro para “garantir a ordem pública e evitar a obstrução da justiça, impedindo que novas estratégias de violação da cautelar, fuga ou combinação de versões sejam planejadas”.
O SBT News tenta contato com o deputado Nikolas Ferreira, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Em publicação no X nesta quarta-feira (26), o parlamentar afirmou que a visita a Bolsonaro “ocorreu dentro da normalidade” de sua “atividade parlamentar”. O deputado também disse que seu celular “não foi usado para comunicação externa” nem que recebeu “orientação sobre proibição do aparelho”.








