Moraes dá 24 horas para Bolsonaro explicar uso de celular por Nikolas durante visita
Episódio ocorreu enquanto ex-presidente cumpria prisão domiciliar; deputado diz que aparelho não foi usado para comunicação externa



Jessica Cardoso
Paola Cuenca
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a defesa de Jair Bolsonaro (PL) se manifeste, em até 24 horas, sobre o uso de um telefone celular pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante visita ao ex-presidente na última sexta-feira (21).
Na ocasião, Bolsonaro cumpria prisão domiciliar, com proibição expressa de usar celular, acessar redes sociais ou se comunicar por meio de terceiros.
A ordem de Moraes consta em despacho publicado nesta quarta-feira (26). O ministro lembrou que, em 11 de novembro de 2025, autorizou a visita do parlamentar, mas destacou que “todas as visitas devem observar as determinações legais e judiciais anteriormente fixadas”.
A situação passou a ser questionada após imagens exibidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostrarem Nikolas utilizando um celular na área externa da casa, nos fundos da residência, enquanto conversava com Bolsonaro. O uso do aparelho, ainda que pelo deputado, reacendeu dúvidas sobre eventual descumprimento das restrições impostas ao ex-presidente. No domingo (23), a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou uma notícia-crime ao STF denunciando o caso.
A determinação ocorre um dia após Bolsonaro começar a cumprir sua pena de 27 anos e 3 meses, decorrente da condenação por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. A decisão transitou em julgado na terça-feira (25), e o ex-presidente cumprirá a pena na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde está desde sua prisão preventiva no sábado (22).
Em publicação no X nesta quarta-feira (26), Nikolas Ferreira afirmou que a visita a Bolsonaro “ocorreu dentro da normalidade” de sua “atividade parlamentar”. O deputado também disse que seu celular “não foi usado para comunicação externa”.
“Não recebi orientação sobre proibição do aparelho. As proibições dizem muito sobre o estado do país. Além de que criminosos usam celular na cadeia para comandar facções inteiras e ninguém da Suprema Corte dá 24h pra explicar nada. Mas celular de visita agora vira caso de "gravidade institucional". Não é justiça, é teatro pra intimidar. Patético”, escreveu Nikolas.









