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Política

Primeira Turma do STF forma maioria para manter decisões de Moraes contra Bolsonaro

Medidas são analisadas por colegiado do Supremo; ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal e usa tornozeleira eletrônica

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O ministro Alexandre de Moraes (Ascom/STF)
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta sexta-feira (18), para manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) que realizou busca e apreensão e medidas cautelares diversas da prisão, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair à noite e de se comunicar com embaixadores e investigados e de acessar redes sociais.

O placar da votação está em 4x0. O relator do processo, Moraes, foi acompanhado por Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Falta a manifestação de Luiz Fux, que tem até segunda (21) para votar. A análise está em andamento no plenário virtual.

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Dino afirmou no voto que as decisões de Moraes se justificam por "possibilidade concreta de fuga" baseada no "estreito relacionamento" do réu com o governo dos Estados Unidos. Dino também afirmou que Bolsonaro articula de forma "dolosa e consciente" maneiras de coagir o STF e interferir no julgamento.

Cármen Lúcia classificou a medida cautelar como providência “adequada”. No voto, a ministra citou postagens em redes sociais feitas pelo ex-presidente que “constam indícios de esforços desenvolvidos” por Bolsonaro e seu filho para interferir no julgamento de tentativa de golpe.

O conteúdo do voto de Zanin ainda não foi divulgado.

Decisão de Moraes

Moraes justificou as medidas com base na atuação de Bolsonaro e do filho "03", o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para desestabilizar a economia do país e de interferir em processos judiciais, pressionando o STF por meio das sanções a autoridades públicas brasileiras.

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Segundo o ministro, as condutas do ex-presidente e de Eduardo configuram "claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões" da prática de crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação e atentado à soberania.

"As ações de JAIR MESSIAS BOLSONARO demonstram que o réu está atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho, EDUARDO NANTES BOLSONARO, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa CORTE no julgamento da AP 2.668/DF", disse Moraes na decisão.

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Moraes justificou a aplicação da tornozeleira eletrônica ao Bolsonaro para "assegurar a aplicação da lei penal e evitar a fuga do réu".

Alvo da PF

O ex-presidente foi alvo de mandado de busca e apreensão durante operação da PF na manhã desta sexta. Bolsonaro foi escoltado por agentes para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) do Distrito Federal, onde uma tornozeleira eletrônica foi colocada nele.

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Além do uso do dispositivo, Moraes determinou outras medidas cautelares que devem ser cumpridas pelo ex-mandatário. São elas:

  • Recolhimento domiciliar de 19h às 6h durante a semana e integral em fins de semana e feriados;
  • Proibição de se comunicar com embaixadores e autoridades estrangeiras;
  • Respeitar a distância de 200 metros de embaixadas e consulados;
  • Proibição de falar com outros réus e investigados nas ações penais sobre tentativa de golpe de Estado;
  • Proibição de se comunicar com os filhos Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro (PL), vereador no Rio de Janeiro;
  • Proibição de se ausentar da comarca sem autorização judicial;
  • Acesso a redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros, também está proibido.

As buscas foram realizadas tanto na casa do ex-presidente quanto na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília. Na residência de Bolsonaro, a PF apreendeu US$ 14 mil e R$ 8 mil. O celular do ex-mandatário e um pen drive, que estaria escondido em um banheiro, também foram levados por agentes.

Em entrevista à imprensa, logo após a colocação da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro negou que tenha guardado o dispositivo no local. "Uma pessoa pediu para ir ao banheiro e voltou com o pen drive na mão. Eu nunca abri um pen drive na minha vida", disse ele.

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