Caças norte-americanos fazem incursão no Golfo da Venezuela
Aeronaves foram identificadas pelo site FlightRadar24, que monitora atividades aéreas


Camila Stucaluc
Dois caças norte-americanos foram identificados no Golfo da Venezuela, região próxima à costa do país, na terça-feira (9). A incursão foi registrada pelo site FlightRadar24, que mostrou as aeronaves militares próximas ao norte de Maracaibo, a cidade mais populosa da Venezuela, por cerca de 30 minutos.
Apesar de alarmar a população venezuelana, o Departamento de Guerra dos Estados Unidos minimizou o caso. Em comunicado, a pasta disse que realiza operações rotineiras e legais no espaço aéreo internacional e que continuará seguindo o direito internacional para proteger o país e monitorar atividades ilícitas na região.
A declaração faz jus à teoria defendida por Washington, que desafia, historicamente, a demarcação do território venezuelano. Para o país, Caracas se infiltra em águas e espaços aéreos internacionais.
Os voos ocorrem em meio à tensão militar entre Estados Unidos e Venezuela, que se arrasta desde setembro, quando Washington iniciou uma operação naval contra o narcotráfico no Caribe e no Pacífico, perto das costas da Venezuela e da Colômbia. O presidente Donald Trump acusa cartéis latino-americanos de transportarem drogas para o território norte-americano pelo mar.
A operação despertou alerta no governo de Nicolás Maduro, que começou a mobilizar militares e milicianos para reforçar o patrulhamento da fronteira. Isso porque o líder venezuelano teme que a operação naval norte-americana seja uma ofensiva disfarçada, com o objetivo de mudar o regime do país à força. Ele acusa Trump de colonialismo.
Essa preocupação aumentou nas últimas semanas devido ao aumento da presença militar norte-americana no Caribe. Além de navios de guerra e submarinos já mobilizados, a Casa Branca enviou caças F-35 à região, bem como o porta-aviões USS Gerald R. Ford, considerado o maior e mais moderno do mundo.
Além disso, para isolar o país, Trump disse que as companhias aéreas deveriam considerar o espaço aéreo da Venezuela como "totalmente fechado". O presidente não deu detalhes, gerando mais ansiedade em Caracas.
Em outra frente, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos designou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista estrangeira. A pasta afirma que o grupo é liderado por Maduro e oferece suporte logístico e operacional a facções criminosas como o Trem de Aragua e o Cartel de Sinaloa. Apesar de o líder venezuelano negar as acusações, a medida impulsiona a possível justificativa para uma ação militar.
No último sábado (6), o ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou que as Forças Armadas estão “mais do que preparadas” para defender o país de eventuais agressões. “Tenho ao meu redor umas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas refundadas nos seus valores, cada vez mais profissionais, mais populares e mais preparadas para dar uma resposta contundente a quem ousar agredir a integridade da pátria.”









