Ataque dos EUA à Venezuela pode desencadear conflito "nos moldes do Vietnã", alerta Celso Amorim
Em entrevista ao jornal The Guardian, assessor ressalta que eventual guerra teria envolvimento global


SBT News
Uma invasão ou ataque dos EUA à Venezuela poderia mergulhar a América do Sul em um conflito semelhante ao do Vietnã, alertou Celso Amorim, o principal assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista ao The Guardian, Amorim classificou a recente decisão de Donald Trump de ordenar o fechamento do espaço aéreo venezuelano como "um ato de guerra" e expressou receio de que a crise possa se intensificar nas próximas semanas.
“A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra – e uma zona de guerra que inevitavelmente não seria apenas uma guerra entre os EUA e a Venezuela. Acabaria por ter envolvimento global e isso seria realmente lamentável”, disse.
“Se houvesse uma invasão, uma invasão de verdade… acho que sem dúvida veríamos algo semelhante ao Vietnã – em que escala é impossível dizer”, acrescentou. Para ele, até mesmo alguns inimigos de Nicolás Maduro estariam inclinados a se juntar à resistência contra uma intervenção estrangeira.
“Eu conheço a América do Sul… todo o nosso continente existe graças à resistência contra invasores estrangeiros”, disse. Ele disse acreditar que qualquer ataque dos EUA reacenderia o sentimento anti-americano na América Latina, semelhante ao gerado pela interferência dos EUA durante a Guerra Fria.
Eleições na Venezuela
Amorim ressaltou que se opõe à mudança forçada de regime, embora reconheça que houve “problemas” com a contagem dos votos nas eleições na Venezuela em 2024.
“Se cada eleição questionável desencadeasse uma invasão, o mundo estaria em chamas”, disse o diplomata, que enfatizou estar falando em caráter pessoal e não em nome de Lula.
“Se Maduro chegar à conclusão de que deixar o poder é o melhor para ele e para a Venezuela, será uma conclusão dele… O Brasil jamais imporá isso; jamais dirá que isso é uma exigência… Não vamos pressionar Maduro para que renuncie ou abdique”, acrescentou Amorim, que admitiu que as relações entre Venezuela e Brasil não são mais tão “calorosas ou intensas” como antes.









