"Primeira impressão é que foi operação extremamente cruenta e violenta", diz Lewandowski sobre ação no Rio
Ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que governo federal vai se reunir nesta quarta com governador Cláudio Castro para "verificar" necessidades do RJ

SBT News
Gabriela Vieira
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (29) que o governo federal vai se reunir ainda hoje com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para "verificar" necessidades do estado após megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) que deixou mais de 130 mortos.
Ele também disse que a "primeira impressão é que foi operação extremamente cruenta e violenta", e reforçou que será necessário analisar se esse tipo de ação é compatível com os princípios do Estado Democrático de Direito.
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Ao ser questionado sobre resposta da União, ele relatou que uma GLO ainda não foi pedida pelo governo do RJ. Segundo o ministro, é necessário que, para se instaurar uma Garantia da Lei e da Ordem, o Executivo estadual reconheça "a incapacidade das forças locais de enfrentar essas ameaças".
Lewandowski acrescentou que o presidente Lula (PT) ficou "estarrecido" com número de mortes e comentou que não há "bala de prata" para a grave situação de segurança pública no RJ.
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Governo afirma que não houve comunicação oficial prévia sobre operação
O ministro disse também que o governo não recebeu não recebeu comunicação oficial da megaoperação deflagrada ontem por forças estaduais.
"O presidente pediu que fizéssemos um apanhado geral do que aconteceu. Ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais. Mostrou-se surpreso com o fato de uma operação dessa envergadura ter sido desencadeada sem o conhecimento do governo federal", completou.
Ao lado do ministro na coletiva, Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF), detalhou que forças de segurança do Rio, incluindo a Polícia Militar, fizeram contatos "no nível operacional" com a Superintendência da PF no estado sobre uma "grande operação" que seria realizada.
Segundo avaliação da direção regional da PF, a operação "não era razoável" e não correspondia ao modo de atuação da corporação.
"Essa é uma operação do estado do Rio de Janeiro. Nós não fomos comunicados que seria deflagrada nesse momento. Houve contato anterior, do pessoal da inteligência da PM com nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse", explicou Rodrigues.
Após determinação de Lula, Rodrigues e Lewandowski viajam ao Rio de Janeiro ainda nesta quarta para uma reunião com o governador Cláudio Castro. "Podemos disponibilizar efetivos das forças federais, peritos e especialistas. Temos também um banco de DNA, já podemos colocar à disposição. Vamos ouvir o governador e saber do que ele precisa", esclareceu.
Megaoperação
Uma megaoperação das forças de segurança do estado do Rio de Janeiro, deflagrada nessa terça (28), nos Complexos da Penha e do Alemão, deixou ao menos 132 mortos, sendo quatro policiais, e 81 presos. Força-tarefa mobilizou 2,5 mil agentes civis e militares.
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Lewandowski também relatou que o governo colocou à disposição do Rio de Janeiro vagas em presídios federais para alocar lideranças criminosas, além da disponibilidade de equipes da Força Nacional.
"É muito importante que se diga que a responsabilidade da segurança pública é dos governos estaduais. Com a PEC da Segurança Pública, queremos inverter essa operação, queremos fazer com que todas as forças colaborem entre si, mudar esse panorama", disse.








