Deputados do PDT deixam base do governo Lula, mas senadores permanecem
Decisão do partido na Câmara vem após demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência

Murilo Fagundes
A bancada do PDT na Câmara decidiu nesta terça-feira (6) deixar a base de apoio do presidente Lula, segundo apurou o SBT News. A sigla, por unanimidade, optou por adotar uma postura de independência em relação ao governo federal. Os senadores, porém, decidiram se manter entre os aliados da atual gestão.
A mudança de posicionamento dos deputados ocorre após a saída de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência. O ministro foi retirado do cargo após fraudes bilionárias virem à tona no INSS.
"Não estamos na oposição, porque a que se apresenta hoje não é uma oposição com que temos a mínima afinidade", diz o líder do PDT, Mário Heringer (MG). Ele também comentou sobre uma "forte possibilidade" de candidatura nas próximas eleições. "A gente pode também construir algum caminho, se for o caso, para 2026".
Segundo fontes ligadas à decisão, o desembarque da base de apoio reflete o desgaste na relação com o Planalto e a falta de diálogo na condução da reforma ministerial. Com a nova posição, o partido não seguirá automaticamente as orientações do governo e votará conforme seus próprios critérios.
Enquanto os deputados decidem por independência, os três senadores do PDT decidiram se manter na base aliada do governo Lula. Ana Paula Lobato, Leila Barros e o líder, Weverton Rocha, votaram pela permanência. "A decisão foi tomada tendo por base a afinidade da bancada com o governo tanto no projeto de desenvolvimento para o Brasil, como na maioria das pautas no Senado", afirmou Weverton Rocha, em comunicado. "A bancada do Senado respeita a posição da bancada na Câmara dos Deputados e, embora tenha um posicionamento diferente, reitera que o partido segue unido em defesa dos ideais trabalhistas."
PDT e PT
Nas últimas eleições, o PDT apoiou formalmente a candidatura de Lula no segundo turno de 2022, após a derrota de Ciro Gomes, então presidenciável do partido, no primeiro turno.
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Desde o início do governo, o PDT ocupava espaços na Esplanada, como o Ministério da Previdência, chefiado por Carlos Lupi, presidente da legenda.
Atualmente, o partido conta com 17 deputados federais na Câmara.
Governo
Em nota, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que respeita a decisão. "Respeitamos o posicionamento da bancada e seguimos dialogando com o PDT, contando com o apoio do partido nas matérias de interesse do país".