Lula critica tarifa dos EUA, repudia sanção a Moraes e promete proteger trabalhadores e empresas
Após reunião emergencial no Planalto, presidente afirma que medidas têm motivação política e atentam contra a soberania do Brasil
Jessica Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (30) a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e repudiou a sanção aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
+ Eduardo Bolsonaro diz que "abusos de autoridade agora têm consequências globais"
Em nota oficial, publicada após uma reunião de emergência com ministros no Palácio do Planalto, Lula afirmou que o governo já iniciou a avaliação dos impactos e irá adotar medidas para proteger trabalhadores, empresas e famílias brasileiras.
“O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras. [...] A motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países”, disse.
Lula também classificou como “inaceitável” a interferência externa no Judiciário brasileiro e prestou solidariedade ao ministro Moraes.
“Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia”, afirmou.
+ STF sai em defesa de Alexandre de Moraes após sanção dos Estados Unidos
O presidente reafirmou o compromisso do país com os direitos humanos, a democracia e o combate a conteúdos ilegais e antidemocráticos, incluindo nas plataformas digitais.
“No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais”, afirmou.
Apesar das críticas, Lula ressaltou que o país está disposto a negociar aspectos comerciais com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa previstos na legislação nacional.