Intenção é revisar lista dos municípios selecionados para receber vacina da dengue, diz ministra
Quantitativo de doses da vacina é restrito, baseado na capacidade de produção e entrega do laboratório responsável
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, falou nesta terça-feira (19), em reunião com dirigentes da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), sobre a possibilidade de revisão da lista de cidades selecionadas para receberem doses da vacina contra a dengue. Nísia afirmou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) está revisando os critérios científicos.
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"Nossa intenção é fazer uma revisão dos municípios, mas isso vai demorar um pouco, porque isso requer estudos e isso será feito também seguindo orientações do nosso Programa Nacional de Imunizações. Não é decisão da ministra", pontuou a ministra.
A atual lista de municípios selecionados para a vacinação contra a dengue está disponível em página no site do Ministério. A pasta ressalta que os imunizantes serão destinados "a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses".
O Ministério da Saúde orienta que os estados e municípios apliquem a vacina em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue após as pessoas idosas, público para o qual a substância ainda não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O quantitativo de doses da vacina é restrito, baseado na capacidade de produção e entrega do laboratório responsável.
Na segunda-feira (18), a prefeitura de São Paulo enviou o quarto ofício ao Ministério da Saúde solicitando o envio imediato de doses da vacina Qdenga contra a dengue para a capital. As solicitações anteriores, segundo nota, foram feitas em 29 de janeiro e 6 e 20 de fevereiro.
"Estamos na maior cidade do Brasil e isso tem um peso para demonstrar que eles [governo federal] deram bobeira lá e poderiam ter sido mais ágeis no fornecimento da vacina não só para cidade de São Paulo, mas para todas as cidades do Brasil", criticou o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Na reunião da ministra da Saúde com dirigentes da FNP, nesta terça-feira, o prefeito de Campinas (SP), Dário Saadi (Republicanos), vice-presidente de Saúde da Frente, ressaltou que a quantidade total de imunizantes ainda é pequena, mas, independente disso, é uma arma na luta contra a doença.
"O enfrentamento à dengue não deve ser só do município. Deve ser também do governo federal e dos governos estaduais", ressaltou.
Plano de Ação
Ainda na reunião de hoje, Nísia Trindade anunciou um modelo para o chamado Plano de Ação, que é necessário aos municípios que decretaram situação de emergência por causa da dengue, como São Paulo, para acessar a segunda parcela de recurso emergencial.
Segundo a FNP, o anúncio atende a um pedido da Frente por uma sugestão de texto.
"Em função da sugestão de prefeitas e prefeitos, o ministério irá disponibilizar um modelo opcional, apenas como sugestão para facilitar a elaboração pelos municípios", explicou o secretário-executivo da Frente, Gilberto Perre.
O Plano de Ação deve ter a apresentação da condição de saúde local, considerando a situação epidemiológica, necessidade de atendimento à população e a sobrecarga da rede assistencial. Além disso, deve detalhar as ações de saúde a serem realizadas e os respectivos valores estimados.
Casos de dengue
De acordo com o Ministério da Saúde, neste ano, foram registrados 1.937.651 casos prováveis de dengue no país. São 630 mortes pela doença e outros 1.009 óbitos em investigação.
Em reunião ministerial na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou melhorias no ministério, como maior eficiência em medidas e nos dados de combate à dengue.