Golpe de Estado: Empresários estimularam Bolsonaro a 'virar o jogo' após derrota nas urnas, diz PF
Áudio de Mauro Cid revela conversa de Meyer Nigri, da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan, com o ex-presidente, que ocorreu no dia 7 de novembro de 2022
A Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, revelou nesta quinta-feira (15) um áudio obtido nos arquivos de Mauro Cid que cita uma conversa entre Meyer Nigri, da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan com Jair Bolsonaro (PL). Conforme a gravação, os empresários pressionaram o ex-presidente a não aceitar a derrota e analisar a possibilidade de uma 'virada de jogo' após a derrota nas eleições presidenciais para Luiz Inácio Lula da Silva.
A conversa teria ocorrido no Palácio da Alvorada, no dia 7 de novembro de 2022, quando Bolsonaro ainda era presidente. No entanto, esta conversa não foi registrada na agenda pública ou privada do ex-presidente. Um mês depois, Bolsonaro apresentou aos então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e do Exército, Freire Gomes, uma minuta com a proposta para uma ruptura institucional.
Nesta quinta-feira, Jair Bolsonaro visitou a sede do Partido Liberal (PL), localizada em Brasília, mas não fez aparições públicas. O ex-presidente recebeu a visita de aliados e do assessor e advogado Fábio Wajngarten.
Ex-presidente transferiu R$ 800 mil aos EUA
A Polícia Federal também apura os recursos que Bolsonaro enviou para o exterior. A defesa do ex-presidente afirma que os valores foram enviados para uma conta declarada, no exterior, e retornaram ao Brasil no ano passado. Segundo os advogados, Bolsonaro não possui mais recursos fora do país.
Na quarta-feira (14), a defesa do ex-presidente solicitou a devolução do passaporte apreendido pelo ministro Alexandre de Moraes. No documento endereçado ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, os advogados afirmam que o relator da investigação sobre tentativa de golpe atua com parcialidade, uma vez que é apontado pela PF como vítima direta das condutas investigadas.
Os advogados ainda alegam que o Moraes é um jurista academicamente qualificado e experiente, mas que pode ser influenciado em seu íntimo, comprometendo a imparcialidade necessária para suas funções. Portanto, pediram para que o caso seja redistribuído a outro ministro do STF.