Em áudio, agente da PF denunciado por plano de golpe cita grupo preparado para "matar meio mundo"
Wladimir Soares se infiltrou em equipe de segurança de Lula para obter informações estratégicas

Ellen Travassos
O policial federal Wladimir Matos Soares, de 53 anos, preso preventivamente desde novembro nas investigações sobre plano golpe de Estado, foi flagrado em áudios nos quais afirma que fazia parte de um grupo formado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após perder as eleições de 2022. Se necessário, o agente da PF declara, essas pessoas estariam dispostas a "matar meio mundo de gente".
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Em um dos áudios, o policial afirma que o grupo estava preparado para agir com violência. "A gente ia com muita vontade, íamos empurrar meio mundo de gente, íamos matar meio mundo de gente, não estava nem aí mais", disse Soares. Ele é um dos denunciados do "núcleo 3" da trama golpista. O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre esse grupo a partir da próxima terça-feira (20).
"Se as coisas mudarem lá para frente, e por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre Moraes", falou Soares em um dos trechos das gravações a que o SBT News teve acesso. Em outro áudio, ele subiu o tom.
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"O Alexandre de Moraes realmente tinha que ter tido a cabeça cortada quando ele impediu o presidente [Bolsonaro] de colocar um diretor da Polícia Federal, o [Alexandre] Ramagem. Tinha que ter cortado a cabeça dele era aqui."
De acordo com as investigações, Soares teria atuado infiltrado na equipe de segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o objetivo de revelar informações estratégicas.
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Ele também criticou Bolsonaro por não ter dado a ordem para avançar contra a posse de Lula.
"Não ia ter posse, cara. Nós não íamos deixar, mas aconteceu. E Bolsonaro faltou um pulso pra dizer: 'Não tenho general, tenho coronel, então vamos com os coronéis'. Era o que a tropa toda queria", completou.