Depoimentos de militares à PF revelam papel de Bolsonaro em trama golpista; confira o que eles disseram
Conteúdo dos relatos de 25 pessoas que cercaram Jair Bolsonaro na Presidência vieram à tona nesta sexta-feira (15), depois de o ministro Alexandre de Moraes ter retirado o sigilo do material
O fim do sigilo dos depoimentos colhidos na operação Tempus Veritatis, que investiga tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, revelou que os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Freire Gomes e Carlos Almeida Baptista Júnior, disseram à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consultou os comandantes militares sobre instrumentos para se manter no poder após ter sido derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva.
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Bolsonaro, de acordo com o que foi relatado pelos comandantes, chamou a cúpula militar para participar de reuniões sobre articulação de um golpe de Estado. Além disso, Freire Gomes afirmou que o ex-presidente apresentou uma minuta do golpe e discutiu o conteúdo do texto em, pelo menos, dois encontros. Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou ter participado de reuniões em que o presidente apresentou os documentos.
O ex-comandante da Aeronáutica disse que o ex-comandante do Exército ameaçou dar voz de prisão a Bolsonaro quando o então presidente da República mencionou a hipótese de atentar contra o regime democrático por meio de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa ou estado de sítio.
Em um dos encontros, segundo o depoimento de Carlos Almeida Baptista Júnior, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, teria pontuado aspectos jurídicos que dariam suporte às medidas de exceção (GLO e estado de defesa).
Carlos Baptista Júnior disse aos investigadores que tentava demover Bolsonaro de usar esses institutos jurídicos e dizia a ele que não serviriam para mantê-lo no poder após o término do mandato. O político teria demonstrado assombro com as falas.
Os depoimentos fazem parte da lista de oitivas feitas pela PF cujo teor foi tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (15). Confira abaixo o que disseram outros investigados:
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