Em depoimento, coronel do Exército cita encontro de militares em salão de festas de prédio em Brasília
Cleverson Ney ,que comandava operações terrestres, participou de reunião que, segundo a PF, discutiu tentativa de golpe
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o coronel Cleverson Ney confirmou encontro de mlitares em um salão de festas de um prédio em Brasília, no dia 28 de dezembro de 2022. O oficial, no entanto, negou que na reunião integrantes do alto escalão das Forças Armadas tenham tramado um golpe de Estado, como apontado pela PF. Ele justificou que se tratava de uma confraternização de fim de ano.
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De acordo com o depoimento, que veio a público nesta sexta-feira (15), o encontro aconteceu na casa do pai do coronel Márcio Resende - militar que se colocou a favor do golpe e questionou urnas eletrônicas em um grupo no WhatsApp.
“INDAGADO por qual motivo solicitaram a presença na reunião dos militares que exerciam a função de Assistente dos Comandantes, respondeu QUE para o declarante o objetivo foi confraterniza ao/encontro; QUE inclusive compareceram outros militares que não eram assistentes”, diz trecho do depoimento dele à PF. As declarações foram prestadas no último 22 de fevereiro, em Brasília.
Nas declarações oficiais à PF, ele também diz não ter uma relação pessoal com o tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas confirmou a presença dele no salão de festas. Cleverson Ney ainda relatou ter recebido uma mensagem de Cid em 9 de dezembro de 2022.
No mesmo dia, o general Estevam Theophilo - superior a Cleverson Ney - se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Cid alegou, em depoimento, que ele teria aceitado o plano de golpe neste encontro. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S. Paulo.
Também questionado a respeito do tema pela PF, Ney negou ter participado do encontro e de ter conhecimento de uma tentativa de golpe.
Depoimento
As declarações de Cleverson se tornaram públicas por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento dele faz parte da investigação que apura se houve uma tentativa de golpe de Estado tramada pelo governo Bolsonaro, para impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegasse ao poder.