Após quebra de sigilo, Torres pede novo depoimento e eventual acareação sobre tentativa de golpe
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública voltou a negar sua participação em reunião com Bolsonaro para tratar de "medidas antidemocráticas"
A defesa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, pediu, nesta sexta-feira (15), um novo depoimento à Polícia Federal (PF), além de eventual acareação com outros investigados por participação em tentativa de golpe de Estado.
A requisição vem depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes quebrar o sigilo de depoimentos de militares e civis no âmbito do inquérito que investiga suposta tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022. O nome de Torres é citado algumas vezes.
Em um dos depoimentos, por exemplo, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes afirmou que Torres dava "suporte jurídico" ao golpe. A Polícia Federal também encontrou a minuta golpista na casa do ex-ministro. O documento propunha, inclusive, a prisão de dois ministros do STF: o próprio Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
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Apesar disso, Torres voltou a negar sua participado de reunião com Jair Bolsonaro para tratar de "medidas antidemocráticas".
"Anderson Torres mantém sua postura cooperativa com as investigações e seu compromisso inegável com a democracia", diz a nota.
Atuação "incisiva" nas eleições
"A gente vai atuar de uma forma mais incisiva. Já estamos atuando. Mas eu acho que o mais importante é cada um entender o momento agora e as colocações que a gente deve fazer.", disse
A frase foi dita por Anderson Torres, em reunião com Bolsonaro e outros ex-ministros no dia 5 de julho de 2022, ao falar da atuação de sua pasta nas eleições. O encontro é investigado pela Polícia Federal por supostamente tratar de uma articulação de tentativa de golpe.
Em depoimento à Polícia Federal divulgado nesta sexta, Torres disse que a frase fazia referência "à diretriz de uma atuação mais incisiva, especialmente por parte da Polícia Federal, no combate aos crimes eleitorais, empregando equipes completas em campo para atuar de maneira proativa."
No dia da votação do 2º turno da disputa eleitoral, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), órgão subordinado ao ministério que Torres presidia, parou ao menos 610 ônibus de eleitores, descumprindo ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibia esse tipo de operação no dia da votação.
Se PT ganhasse, todos "iriam se f...", disse Torres
“Não sei nem se os que estão participando dessa reunião têm estrutura para ouvir o que será dito aqui. Senhores, todos vão se f... Quero deixar bem claro isso. Eu quero que cada um pense previamente no que vai fazer. Mas todos vão se f...”
A frase também foi dita pelo ex-ministro no encontro, em relação aos supostos efeitos de uma vitória do PT (Partido dos Trabalhadores) na atuação da Polícia Federal. No depoimento à PF, ele definiu a expressão "se f..." como a "perda de todos os avanços que cada um tinha obtido ao longo dos quatro anos de trabalho hercúleo e muita entrega em cada uma de suas pastas".
RELEMBRE A OPERAÇÃO DA PF NA CASA DO EX-MINISTRO ANDERSON TORRES: