Polícia

Polícia Civil do RJ realiza operação contra provedores de internet ligados a facções

Investigação identificou empresas vinculadas ao Comando Vermelho e ao Terceiro Comando Puro atuando na região norte da cidade

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), realiza uma operação nesta terça-feira (5) contra provedores de internet clandestinos ligados a facções criminosas. Ao todo, são cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos alvos na Zona Norte e na Baixada Fluminense.

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Até o momento, dois homens foram presos e um fuzil, duas pistolas, dinheiro em espécie, equipamentos eletrônicos e cabos utilizados pelas empresas foram apreendidos. A ação, intitulada "Operação Rede Obscura”, conta com o apoio de agentes do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 38ª DP de Brás de Pina.

Os presos e o material recolhido foram encaminhados para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho.

Investigação sobre internet clandestina

A operação é um desdobramento de uma investigação que teve início com dados e relatos indicando a existência de provedores atuando de forma irregular em comunidades dominadas por facções criminosas. No decorrer da apuração, foi possível determinar a atuação de uma empresa vinculada ao Comando Vermelho no Morro do Quitungo e outra com ligação ao Terceiro Comando Puro em Cordovil, Cidade Alta e adjacências.

De acordo com a Polícia Civil, a investigação demonstrou que as empresas atuam com apoio logístico de criminosos armados, que impedem a entrada de operadoras licenciadas, promovendo, inclusive, vandalismo de redes técnicas e destruição de cabos de fibra óptica.

Com apoio da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, as conexões clandestinas foram mapeadas. Na região do Morro do Quitungo, foi apurada a existência de postos de vigilância armada e grande restrição à mobilidade institucional, o que reforçou que as atividades empresariais ocorriam sob proteção armada da organização criminosa.

Em fevereiro deste ano, minutos após técnicos de uma das empresas clandestinas serem flagrados atuando na rede, próximo ao Morro do Quitungo, a operadora licenciada reportou queda abrupta de sinal na região. Posteriormente, foi confirmado o rompimento dos cabos instalados. Além disso, investigações mostraram que materiais subtraídos de operadoras regulares estavam sendo utilizados no interior da sede da empresa clandestina.

O responsável pela empresa ligada ao Comando Vermelho possui anotações criminais por tráfico de drogas, furto de energia e receptação. Segundo a Polícia Civil, ele declarou já ter recebido propostas de facções criminosas para assumir o serviço de internet em outras comunidades, inclusive relatando repasses periódicos a lideranças do tráfico em forma de doações e contribuições "comunitárias".

O proprietário da empresa ligada ao Terceiro Comando Puro já foi autuado em flagrante por receptação qualificada, quando policiais encontraram em seu galpão grande volume de cabos pertencentes a operadoras regulares. A polícia também apurou a existência de equipes de instalação formadas por indivíduos sem vínculo formal, utilizando veículos de terceiros e operando sem habilitação. Em uma das diligências, em março, sete pessoas foram presas, entre elas uma funcionária que estava fazendo uma instalação clandestina na região de Brás de Pina.

O material apreendido na operação desta terça será analisado pela perícia, com apoio da inteligência da unidade, para dar andamento à investigação ainda em curso e responsabilizar todos os envolvidos no esquema criminoso.

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