PF indicia ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por desvio de emendas
Relatório da investigação já foi enviado para o ministro Flávio Dino, relator do inquérito no STF e ex-colega de Esplanada
A Polícia Federal (PF) indiciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), por supostamente participar de um esquema para desviar emendas parlamentares destinadas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os valores ultrapassam R$ 800 mil e destinavam-se a obras de pavimentação.
A investigação da PF utiliza também um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre obras que teriam beneficiado propriedades da família do ministro do governo Lula. O caso foi enviado para o ministro Flávio Dino, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), e ex-colega de Esplanada de Juscelino.
Para a PF, mensagens analisadas no inquérito comprometem o titular da Pasta das Comunicações e demonstram sua participação no esquema.
O SBT News entrou em contato com o Planalto para um posicionamento, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
O que diz o ministro?
Juscelino alega que a investigação, "que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviada de seu propósito original". Também lembrou que indiciamento não presume culpa e que as acusações nada tem a ver com seu trabalho como ministro. Confira na íntegra:
"A investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos. O indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito. É importante deixar claro que não há nada, absolutamente nada, que envolve minha atuação no Ministério das Comunicações, pautada sempre pela transparência, pela ética e defesa do interesse público. Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar. No exercício do cargo como deputado federal, apenas indiquei emendas parlamentares para custear obras. A licitação, realização e fiscalização dessas obras são de responsabilidade do Poder Executivo e dos demais órgãos competentes. Durante o meu depoimento, o delegado responsável não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação. Além disso, o encerrou abruptamente após apenas 15 minutos, sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento. Isso suscita dúvidas sobre sua isenção, repetindo um modus operandi que já vimos na Operação Lava-Jata e que causou danos irreparáveis a pessoas inocentes. É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados", assina Juscelino Filho.