Polícia do RJ identifica 99 mortos em megaoperação e lista com primeiros nomes é divulgada
Cúpula da Segurança Pública do estado afirma que 78 deles tinham histórico criminal; ação nos complexos do Alemão e da Penha deixou 121 mortos


Emanuelle Menezes
O governo do Rio de Janeiro apresenta, nesta sexta-feira (31), uma lista parcial de mortos na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, ocorrida na última terça-feira (28). Até o momento, 99 pessoas foram identificadas – 78 delas com histórico criminal, sendo 42 com mandados de prisão em aberto, segundo a cúpula da Segurança Pública do estado. A ação deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais.
Segundo o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, 39 dos mortos identificados são de outros estados (13 do Pará, 7 do Amazonas, 6 da Bahia, 4 de Goiás, 4 do Ceará, 3 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso e 1 da Paraíba). Entre eles, estão chefes do tráfico:
- Russo, chefe do tráfico em Vitória;
- Chico Rato, chefe do tráfico em Manaus;
- Mazola, chefe do tráfico em Feira de Santana (BA);
- Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico em Goiás;
- Pepê, chefe do tráfico no Pará;
- Gringo, chefe do tráfico no Mato Grosso;
- DG, chefe do tráfico na Bahia;
- FB, chefe do tráfico na Bahia;
- Rodinha, chefe do tráfico em Itaberaí (GO).
Segundo Curi, os complexos do Alemão e da Penha passaram a ser centros de comando, tomada de decisão e treinamento tático do Comando Vermelho a nível nacional. Lá são decididas "as diretrizes para todos os outros estados onde o CV tem atuação", disse. Os traficantes também se "formariam" nas comunidades cariocas, com instruções em armamento, tiro, uso de explosivos e táticas de combate, para voltarem aos seus estados de origem e "disseminar a cultura da facção".
Os corpos são identificados pelo Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, na região central do Rio.
Operação Contenção
A megaoperação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro foi deflagrada na última terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão. A ação, parte da chamada Operação Contenção, foi justificada pela necessidade de desarticular lideranças do Comando Vermelho. Cerca de 2.500 policiais civis e militares cumpriram mandados de prisão e busca. Foram presos 113 suspeitos, e 118 armas apreendidas.
As equipes encontraram resistência armada intensa: houve relatos de troca de tiros, uso de barricadas incendiadas em vias expressas e ataques com drones por parte de criminosos, com o objetivo de atrasar o avanço policial.
O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, explicou que as forças de segurança criaram o chamado "Muro do Bope", com agentes avançando pela Serra da Misericórdia para cercar os criminosos e empurrá-los em direção à mata, onde equipes do Batalhão de Operações Especiais já estavam posicionadas.
Na manhã seguinte à operação, moradores encontraram cerca de 70 corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. Eles foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas.
Os policiais mortos são: Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, do Bope, e Rodrigo Cabral e Marcus Vinícius Cardoso, policiais civis.
Essa foi a ação policial mais letal da história do país, ultrapassando o Massacre do Carandiru (1992). Apesar disso, o governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como um "sucesso" e disse que as únicas "vítimas" foram os quatro policiais mortos.









