Polícia

Castro fala que megaoperação com 132 mortos foi um "sucesso" e que só policiais foram vítimas

Governador do Rio de Janeiro falou sobre ação nos complexos do Alemão e da Penha em entrevista para a imprensa nesta quarta (29)

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Cláudio Castro (PL) em entrevista nesta quarta (29) | SBT
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O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) afirmou nesta quarta-feira (29) que a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou pelo menos 132 mortos na terça-feira (29), foi um "sucesso" e que as únicas "vítimas" foram os quatro policiais mortos.

"Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem, só tivemos esses policiais", declarou.

Castro ainda aproveitou para alfinetar, mais uma vez, o governo federal durante entrevista para a imprensa sobre a operação. Ele afirmou que não responderá autoridades que querem transformar o momento em uma "batalha política" e pediu foco do governo federal no estado.

"O governador deste estado e nenhum secretário vai ficar respondendo autoridade que queira transformar esse momento em uma batalha política. Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento, no combate à criminalidade, é bem-vindo. Ou soma no combate à criminalidade, ou suma", disse.

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Mais de 130 mortos

Moradores encontraram mais de 60 corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29) – dia seguinte a operação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro. Os corpos, que não constam no balanço oficial divulgado pelo governo do estado, foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no início da manhã.

O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que, até 13h desta quarta, 119 mortos deram entrada no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, na região central. Na terça-feira (28), o governo do Rio de Janeiro tinha divulgado que 64 pessoas haviam sido mortas.

Com os corpos encontrados na Vacaria, o total de mortos chegou a 132, segundo apuração do SBT Rio e informações da Defensoria Pública do estado.

Corpos enfileirados após operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro | REUTERS/Ricardo Moraes
Corpos enfileirados após operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro | REUTERS/Ricardo Moraes

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que acompanha a situação. Em nota, disse que atua para "assegurar o cumprimento das diretrizes fixadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF 635, que disciplina operações policiais em comunidades do Estado" e que "técnicos periciais foram enviados ao Instituto Médico-Legal (IML) para a realização de perícia independente, em conformidade com suas atribuições legais".

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Operação Contenção

A megaoperação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro foi deflagrada na terça-feira (28) nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação, parte da chamada Operação Contenção, foi justificada pela necessidade de desarticular lideranças do Comando Vermelho na região. Cerca de 2.500 policiais civis e militares cumpriram mandados de prisão e busca na região. 113 suspeitos foram presos e 118 armas apreendidas.

As equipes encontraram resistência armada intensa: houve relatos de troca de tiros, uso de barricadas incendiadas em vias expressas e ataques com drones por parte de criminosos, com o objetivo de atrasar o avanço policial. Pelo menos quatro moradores ficaram feridos.

A ação é considerada a operação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, ultrapassando a realizada no Jacarezinho, em maio de 2021, que teve 28 mortos, e a operação na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, com 24 óbitos. As três aconteceram durante o governo de Cláudio Castro (PL).

O levantamento foi feito pelo Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Veja o ranking das cinco operações mais letais da história do estado do Rio de Janeiro:

1. Complexo do Alemão e Penha, outubro de 2025: mais de 130 mortos

2. Favela do Jacarezinho, maio de 2021: 28 mortos

3. Vila Cruzeiro, maio de 2022: 23 mortos

4. Vila Operária, Duque de Caxias, janeiro de 1998: 23 mortos

5. Complexo do Alemão, junho de 2007: 19 mortos

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