Morte de Gritzbach foi "encomendada por membro do PCC", afirma delegada
Operação desta quinta-feira (16) prendeu cabo acusado de ser um dos atiradores e 14 PMs que faziam a escolta do delator
Emanuelle Menezes
Antônio Vinícius Gritzbach, delator executado em novembro do ano passado no Aeroporto de Guarulhos, foi morto a mando de um membro do Primeiro Comando da Capital, o PCC. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (16) pela diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), Ivalda Aleixo, que investiga o crime.
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De acordo com a delegada, há duas linhas de investigação sobre de onde partiu a ordem para a execução. "Quanto ao mandante, temos duas linhas de investigação. Ambos de facção. Foi um crime encomendado por algum membro do PCC", disse Aleixo.
Em entrevista à imprensa, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a investigação vai focar agora em descobrir quem mandou matar o delator.
"Existem algumas linhas de investigação, mas ainda não se sabe quem é o mandante", disse Derrite.
Um cabo da PM, acusado de ser um dos atiradores que mataram Gritzbach, foi preso nesta quinta, em uma operação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo. Derrite informou que não divulgaria o nome do suspeito preso, já que o processo corre em segredo de Justiça, mas o SBT News apurou que se trata do policial Denis Antônio Martins.
Outros 14 PMs, acusados de fazer a escolta ilegal do delator do PCC, também foram detidos na Operação Prodotes. Segundo o secretário de Segurança Pública, os policiais tinham conhecimento de que Gritzbach continuava cometendo crimes e, mesmo assim, forneciam segurança particular ao empresário – que lavava dinheiro do PCC. Eles foram enquadrados como integrantes da organização criminosa.
Foram presos pela Operação Prodotes:
- 13 policiais militares que faziam a escolta ilegal de Gritzbach, incluindo um tenente que seria o "chefe" do grupo;
- um tenente que facilitava as escalas de trabalho para que os PMs participassem da escolta, com o conhecimento de que eles faziam a segurança de um homem que lavava dinheiro para o PCC;
- um PM suspeito de ser um dos atiradores que mataram Gritzbach.
Quem é Antônio Vinícius Gritzbach
Em dezembro de 2021, Antônio Vinícius Gritzbach ordenou a morte do líder do PCC Anselmo Santa Fausta, o "Cara Preta", e do motorista Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", em uma emboscada no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. O crime teria acontecido depois do traficante ter entregue R$ 40 milhões ao empresário para que fossem investidos em criptomoedas.
Após o investimento não dar certo e Anselmo perder o dinheiro, o líder do PCC fez diversas ameaças a Gritzbach. Em resposta, ele teria encomendado a morte do traficante com um pistoleiro, identificado como Noé Alves.
Cerca de 20 dias depois dos assassinatos, o responsável pelas mortes de "Cara Preta" e "Sem Sangue" foi executado pelo PCC. A facção deixou um bilhete ao lado do corpo de Noé – que foi esquartejado e teve a cabeça jogada no local da morte dos traficantes.
Delação premiada
Depois do crime, Gritzbach foi preso diversas vezes, até ser solto definitivamente em 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional. Em junho de 2024, ele fez um acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena e revelou esquemas de lavagem de dinheiro do PCC.
O empresário então passou a ser alvo de ameaças de morte pela facção criminosa. Por se sentir em risco, ele pediu mais segurança ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e decidiu contratar policiais militares de forma particular para sua proteção.
O assassinato
Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro de 2024, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O delator foi executado com 10 tiros de fuzil. Ele desembarcava com a namorada depois de voltar de Maceió (AL).
No momento, o empresário estava acompanhado por apenas um segurança, já que outros dois não compareceram devido a um problema mecânico no veículo que utilizavam. Os policiais militares que faziam parte da equipe de segurança foram presos nesta quinta-feira (16).