Justiça decreta prisão preventiva de três suspeitos pela morte de policial civil no Rio de Janeiro
Entre os presos estão dois policiais militares da ativa; crime teria sido planejado e pode ter ligação com a máfia do cigarro
Leo Santanna
Maria Paula Güttler
A Justiça decretou a prisão preventiva dos três suspeitos de envolvimento na execução de um policial civil no Rio de Janeiro. Entre eles estão dois policiais militares da ativa.
O corpo do inspetor foi enterrado nesta terça-feira (7), em Niterói, na Região Metropolitana. Colegas de trabalho compareceram ao cemitério para a despedida. A família, muito abalada, não autorizou a entrada dos jornalistas durante o velório.
Carlos José Queiroz Viana, de 59 anos, foi assassinado a tiros na segunda-feira (6), em frente à própria casa. Ele foi executado no momento em que deixava o lixo na calçada. Dois homens, em um carro, fizeram doze disparos. O policial morreu no local.
Três suspeitos foram presos horas depois do crime, entre eles, dois policiais militares. As investigações apontam que o assassinato foi planejado e que a vítima foi escolhida de forma premeditada.
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Segundo a Polícia Civil, um dos indícios de que os assassinos estudaram a rotina do policial está em imagens registradas na véspera do crime. O carro preto, apreendido com os suspeitos, aparece circulando perto da casa de Carlos.
Os criminosos fugiram no veículo depois de incendiarem o carro branco usado na execução.
Nesta terça-feira, o advogado dos policiais militares apresentou um vídeo para tentar inocentar o sargento Fábio de Oliveira Ramos. A gravação mostra o suspeito em Duque de Caxias, a mais de cinquenta quilômetros do local do crime, cerca de 44 minutos após os disparos.
“Não poderia nunca um policial militar estar em Duque de Caxias no mesmo horário, às sete e pouca da manhã, e o crime acontecendo lá em Niterói, quase em São Gonçalo, também por volta das sete da manhã”, disse o advogado Ângelo Tancredo.
De acordo com os investigadores, dois suspeitos estavam no local do crime e o terceiro esperava no carro preto, em outro ponto, para dar cobertura na fuga.
A Divisão de Homicídios investiga se os policiais militares suspeitos de envolvimento fazem parte de um grupo de extermínio. Também está sendo apurada a denúncia de que criminosos planejavam resgatar os PMs durante a transferência deles da delegacia para o Batalhão Especial Prisional.
“A Polícia Militar, corretamente no meu entendimento, mobilizou um efetivo relativamente grande para cuidar desse transporte. O preso que não era policial também conseguimos retirar daquela delegacia o quanto antes. Não tivemos informação concreta sobre esse risco, mas, por via das dúvidas, valia a pena promover esse transporte logo”, afirmou o delegado Willians Batista.
A polícia não descarta nenhuma hipótese para a motivação do crime. Uma das linhas de investigação é a de que o assassinato tenha ligação com a chamada máfia do cigarro — o comércio clandestino do produto controlado por milicianos.