Bolsonaro diz à PF que ficará em silêncio durante depoimento sobre participação em tentativa de golpe de Estado
Ex-presidente foi intimado a depor na próxima quinta-feira (22), mas defesa informou delegado que falta de acesso ao inquérito prejudica cliente; alvos da Operação Tempus Veritatis também serão ouvidos
Jair Bolsonaro (PL) comunicou à Polícia Federal (PF) que vai permanecer calado no depoimento marcado para quinta-feira (22), em Brasília. O ex-presidente foi intimado a comparecer na PF, nesta segunda-feira (19) para ser ouvido nas apurações da Operação Tempus Veritatis, que encurralou o clã Bolsonaro e aliados por suspeitas de envolvimento com os atos golpistas do 8 de janeiro e em uma suposta mobilização para manter o ex-presidente no poder apesar na derrota para eleições.
A defesa de Bolsonaro alegou falta de acesso a itens essenciais do inquérito, em documento posterior à intimação. "Tais elementos, se disponibilizados em sua integralidade, poderiam, inclusive, contribuir de maneira significativa para a comprovação da inocência do peticionário e o esclarecimento da verdade real, um princípio essencial em uma sociedade justa e democrática, fundamentada nos pilares do Estado de Direito."
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O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno informou que Bolsonaro "tem total interesse em cooperar plenamente com a investigação e provar sua inocência", conforme "já demonstrado em diversas oportunidades".
Segundo a defesa, o silêncio comunicado à PF e ao Supremo Tribunal Federal (STF) é uma escolha de "salvaguarda do direito ao silêncio, mas, primordialmente, da preservação da amplitude do direito à ampla defesa, cujo pleno exercício está sendo tolhido pelo represamento de elementos cruciais para a compreensão dos fatos".
A defesa informou ao delegado Fábio Alvarez Shor, da PF, que Bolsonaro "opta por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos".
"Sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno."
supostas conversas presentes nos celulares apreendidos e mídias as quais a Defesa não teve acesso até hoje
Pedidos. A defesa de Bolsonaro ainda apresentou nesta segunda-feira (19) "novo pedido de compartilhamento" de provas do inquérito "incluindo todas as mídias obtidas nos aparelhos apreendidos, bem como o conteúdo completo da colaboração premiada celebrada pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid.
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