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Polícia

Alta do ouro pode explicar casos de roubo de joias em São Paulo

Assaltos cada vez mais violentos geram insegurança na população

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Valorização do ouro e facilidade em revender peças do metal estimula assaltos em São Paulo | Unsplash
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A ação de ladrões especializados em roubo de joias tem se tornado cada vez mais frequente em São Paulo, impulsionada pela alta do ouro.

No último fim de semana, uma médica de 67 anos foi brutalmente atacada por criminosos que queriam levar sua aliança. Um deles chegou a morder o dedo da vítima para arrancar a joia, sem sucesso. Inconformado, o comparsa, espancou a idosa. Dois dias depois, acabou preso.

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Esse tipo de crime segue um padrão: os assaltantes observam atentamente suas vítimas, analisam se usam correntes, pulseiras ou anéis valiosos e aguardam o momento certo para atacar. A valorização do ouro torna o mercado ainda mais atraente. No ano passado, o metal precioso teve um aumento de 27% no valor. Por um lado a revenda é fácil, mas difícil a rastreabilidade do produto pela polícia.

Mercado paralelo e receptação

Em áreas de comércio popular, são frequentes anúncios de compra de ouro. Embora a atividade seja legal, é obrigatório que os comerciantes exijam a comprovação de procedência das peças adquiridas. No entanto, muitos ignoram essa exigência, incentivando, assim, a criminalidade, podendo, inclusive ser tornar receptadores.

Para comprovar essa prática, um integrante do Departamento de Jornalismo do SBT simulou a venda de uma aliança em um desses estabelecimentos na capital paulista. Sem questionamentos, a peça foi avaliada e precificada em R$ 1.000, sem a necessidade de qualquer comprovante de propriedade. Em outra loja, ao perguntar se o certificado de propriedade era obrigatório, o vendedor respondeu que "necessariamente não precisa."

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Responsabilidade dos receptadores

Especialistas afirmam que a fiscalização sobre os estabelecimentos precisa ser mais rigorosa. O advogado criminalista Rafael Paiva, ouvido pela reportagem, defende que as autoridades foquem nos receptadores, começando pelas lojas que compram ouro.

"É fundamental que o vendedor trabalhe com a garantia e a origem dessa mercadoria. Se veio de uma loja, onde está o certificado de venda? Só assim essa corrente de crimes pode ser interrompida", afirma o advogado.

A legislação brasileira prevê penas consideradas brandas para crime de receptação. Se for um indivíduo, a punição pode variar de um a quatro anos de prisão. Já no caso de lojas, a pena aumenta para três a oito anos. O roubo, por sua vez, pode render de quatro a dez anos de reclusão.

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O medo persiste

Embora os registros gerais de roubo tenham diminuído em São Paulo no último ano, a sensação de insegurança é latente. Vítimas relatam o trauma e o medo constante ao circular pelas ruas. Um comerciante, morador da Lapa, na zona oeste da capital, que teve sua corrente e aliança roubadas por criminosos em duas motos, descreveu o momento de terror.

"Ele tirou a arma e mandou entregar a aliança. Pegou no meu pescoço e arrancou minha corrente. Minha esposa estava na garagem e pediram para eu pegar a aliança dela também. Agora estamos sem nada. Quando uma moto para do meu lado na rua, já me dá tremedeira."

A escalada dos crimes relacionados ao ouro mostra que o problema vai além dos ladrões que realizam os assaltos. Enquanto houver compradores sem escrúpulos dispostos a adquirir joias sem comprovação de procedência, o mercado clandestino continuará aquecido e as ruas, perigosas.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que a Polícia Civil prendeu um dos envolvidos na ocorrência citada na matéria e apreendeu a motocicleta utilizada no crime. A SSP também destacou que a Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, vinculada ao DEIC, já prendeu mais de 30 receptadores dentro das quadrilhas envolvidas no comércio desses produtos roubados ou furtados. O órgão também afirma que o policiamento na cidade foi reforçado.

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