Açaí brasileiro pode ser afetado por sobretaxa americana de 50%
Fruto amazônico ficou fora da lista de isenções publicada pelo governo Donald Trump
SBT Brasil
O açaí, que se popularizou até mesmo em praias americanas, não escapou da sobretaxa americana. O fruto ficou fora da lista de isenções publicada pelo governo Donald Trump. O que era um produto de consumo local na região Norte atravessou fronteiras nas últimas duas décadas. Praticamente toda polpa de açaí vendida no mundo sai do Brasil.
"Essa questão do tarifaço pode criar um desequilíbrio na cadeia do açaí. A nossa safra está começando agora, em agosto. A gente trabalha realmente no segundo semestre e nós estamos ainda nos adaptando a essa nova realidade", explica Denise Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Pará.
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Só em 2024, o Brasil produziu cerca de 2 milhões de toneladas de açaí. Quase 90% dessa produção saiu do Pará. Um setor que movimenta cerca de 7 bilhões de reais por ano no estado. Os Estados Unidos são o maior comprador estrangeiro.
"O mercado dos Estados Unidos é o que mais absorve a nossa produção do Pará. Então, a gente está bastante preocupado, até porque estava num crescimento muito grande porque o açaí é a bola da vez da Amazônia", afirma Nazareno Alves, exportador de açaí.
Impacto na economia do Pará
No mercado norte-americano, o açaí costuma ser encontrado adoçado, do jeito como se popularizou pelo Brasil fora da Amazônia. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará, a taxação de 50% aplicada por Donald Trump pode afetar toda a economia paraense.
"São produtos que têm agregação de valor dentro do nosso Estado, são produtos que têm uma particularidade. Uma identidade, acho que não existe um outro produto mais identificado ao paraense que o açaí, então nós temos um valor agregado muito grande, além do valor econômico. Nós não podemos nos permitir que qualquer desentendimento, alheios à pauta econômica, possam colocar em risco uma atividade econômica tão importante", destaca Alex Carvalho, presidente da Fiepa.
A preocupação é compartilhada pelas 180 fábricas paraenses que processam o fruto.
"As exportações vão ser diminuídas, vai ter uma retração nas exportações, com isso nós vamos ter uma sobra de produto, um excedente de produção e talvez isso chegue a alterar o valor da fruta dentro da cadeia produtiva, do produtor, o valor do açaí, até mesmo dentro do estado do Pará", alerta Denise Martins.