Fontes do Planalto avaliam que tarifaço de Trump foi menor do que esperado
Governo Lula vê alívio parcial em recuos de Trump e celebra, mas setores tarifados, como dos cafeicultores, pressionam

Murilo Fagundes
O governo brasileiro reagiu com cautela, mas comemorou os recuos parciais do presidente norte-americano Donald Trump, que, nesta terça-feira (30), confirmou a tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros e sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky.
Apesar da ofensiva, o Palácio do Planalto avaliou que o impacto econômico foi menor do que o temido e que a lista de exceções abriu margem para novas negociações.
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O susto no Planalto veio por volta de uma da tarde, com o anúncio das sanções contra Moraes.
Horas depois, Trump publicou a ordem executiva confirmando o tarifaço. Reuniões emergenciais foram convocadas com articuladores, que já mantinham tentativas de diálogo com representantes da Casa Branca.
No meio da crise, Lula participou de um evento no Palácio do Planalto para sancionar uma lei que proíbe o uso de animais em testes. No encerramento, o presidente afirmou que deixaria a cerimônia às pressas para tratar da soberania nacional.
“Hoje, para mim, é um dia sagrado da soberania. Duas soberanias de coisas que gosto: os animais e os seres humanos”, declarou.
Fontes do governo disseram à reportagem que a lista de exceções apresentada pelos EUA foi considerada longa e indicativa de um tratamento político — e não apenas comercial.
Para integrantes do Planalto, a publicação da sanção contra Moraes pode ter servido para desviar o foco do recuo parcial nas tarifas.
Impacto setorial
Apesar do alívio parcial, setores como o do café e da carne bovina continuam pressionando o governo. Representantes da indústria de carnes têm reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Produtos como ferro, aço, alumínio e cobre seguem sendo taxados em 50%. O anúncio desta terça apenas significa que não haverá um aumento adicional de 50% sobre essas tarifas já existentes.
Para produtos não produzidos pelos Estados Unidos, como café e frutas tropicais (como manga), o governo ainda conta com a possibilidade de isenção, a depender do anúncio global previsto para 1º de agosto, conforme sinalização feita pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
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Já itens como carne bovina, pescado e armamento devem permanecer tarifados até nova ordem.
A equipe de negociação do governo brasileiro tenta agora ampliar a lista de exceções e manter o canal de diálogo com os Estados Unidos aberto, mesmo diante do novo ambiente de tensão política e comercial.