Adolescente encontrada morta em Cajamar (SP) é velada nesta quinta (6)
Vitória Regina de Sousa ficou desaparecida por uma semana; ex-namorado é suspeito de participação no crime e está foragido da Justiça

Emanuelle Menezes
O velório da jovem Vitória Regina de Sousa, que estava desaparecida desde o dia 26 de fevereiro e foi encontrada morta nesta quarta-feira (5) em uma região de mata em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, acontece na tarde desta quinta-feira (6) no Ginásio Poliesportivo Lamartine de Paula Lima, no bairro Vila Nova. O sepultamento está previsto para as 18h no Cemitério Municipal da cidade.
A informação foi confirmada pela Prefeitura de Cajamar, que lamentou, em nota, a morte da adolescente. "Neste momento de dor, expressamos nossa solidariedade à família, amigos e a todos que tiveram o privilégio de conhecê-la", diz o texto.
+ Adolescente desapareceu após relatar medo em mensagens para amiga
Vitória foi encontrada degolada, com o cabelo raspado e vestindo apenas um sutiã, segundo o delegado Aldo Galiano Junior, da Delegacia Seccional de Franco da Rocha. O corpo também tinha sinais de violência.
O ex-namorado da jovem teve a prisão temporária decretada pela Justiça nesta quinta. A Polícia Civil realizou buscas na casa dele, mas não o encontrou. O pedido de prisão ocorreu, segundo Galiano, pela contradição do homem em depoimentos aos policiais.
Segundo as investigações, o ex-namorado de Vitória afirmou à polícia que estava com uma mulher no momento do crime. Chamada para dar depoimento, a mulher confirmou que estava com ele, mas que isso aconteceu por volta das 03h30. Vitória sumiu pouco depois das 00h.
"Ele está totalmente inconsistente no horário do desaparecimento dela, completamente contrário com as outras 13 pessoas que foram ouvidas", disse o delegado.
A perícia estima que Vitória foi morta há cinco dias, o que significa que ela pode ter ficado em cativeiro antes de ser assassinada. De acordo com o delegado, no local em que o corpo foi encontrado, não foram localizados os fios de cabelo que foram raspados e a roupa que ela usava antes do crime, o que demonstra que ela foi morta em outro lugar e depois levada para a mata.

+ Vitória foi encontrada sem roupa, com cabelo raspado e sinais de violência
O caso
Moradora de Cajamar, na Grande São Paulo, Vitória trabalhava como operadora de caixa em um restaurante de shopping no centro da cidade. Como voltava tarde da noite, costumava ser buscada pelo pai no ponto de ônibus. Naquele dia, o carro da família estava quebrado e ela teve que fazer o trajeto sozinha.
O trajeto de uma hora exigia que ela pegasse dois ônibus. Enquanto aguardava o primeiro, ela demonstrou medo nas mensagens enviadas a uma amiga: "Tem uns meninos aqui do meu lado, tô com medo".
Vitória estava no bairro de Polvilho e seguiria para a região de Ponunduva. O ônibus chegou, e a jovem avisou que os suspeitos embarcaram com ela: "Os dois pegaram, o outro acabou de vir pra trás".
Imagens de segurança mostram Vitória no ponto de ônibus e os rapazes ao redor. Ela entra no veículo. Pouco depois, tenta tranquilizar a amiga: "Amiga, tá de boa, nenhum desceu no mesmo ponto que eu, então tá de boaça".

A jovem também contou para a amiga, em áudios, que um carro passou devagar e os ocupantes a chamaram de "vida", o que a deixou assustada. O carro foi visto por testemunhas parado em frente ao ponto de ônibus onde Vitória desceu e desapareceu. Os peritos revistaram o veículo e usaram o sistema Afis, que detecta as impressões digitais para relacionar com dados registrados no Sistema de Reconhecimento de Pessoas.
Segundo o motorista do coletivo, Vitória desceu sozinha no ponto de sempre, em uma estrada de terra no bairro Ponunduva, região de chácaras onde mora com a família.
+ SBT teve acesso ao local onde corpo da jovem Vitória foi encontrado
Ficante
O último contato feito pela garota foi com um "ficante", com quem mantinha um relacionamento esporádico. De acordo com o advogado da família da vítima, Fabio Costa, ela enviou uma mensagem pedindo para ele buscá-la no ponto de ônibus porque estava com medo.
O rapaz já prestou depoimento e disse que estava dormindo quando recebeu o pedido de Vitória. Ao acordar de madrugada, ele tentou contato com a jovem, mas não teve sucesso. A polícia apura uma contradição neste depoimento. Há informações de que o "ficante" estaria com outra menina no momento em que recebeu a mensagem. A garota também foi levada à delegacia e confirmou que os dois estavam juntos.