"Eles que elejam o presidente que quiserem", diz Lula sobre eleições na Venezuela
Para o presidente da República, disputas eleitorais não interferem em julgamento dele sobre relações entre países
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em evento em São Paulo, nesta sexta-feira (19), que as pessoas elegem políticos que elas bem entenderem e que isso não interfere em julgamento dele sobre relações entre países. "Por que que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que que eu vou querer brigar com a Nicarágua? Por que que eu vou querer brigar com a Argentina? Eles que elejam o presidente que eles quiserem", afirmou.
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Lula fez uma referência a dois países da América do Sul com repercussão na mídia por causa de figuras políticas. Mais recentemente, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, candidato à reeleição, afirmou que pode haver "banho de sangue" e "guerra civil" caso ele não vença o pleito deste ano. Diante das falas, o governo brasileiro adotou silêncio e não se pronunciou — o que gerou críticas.
A Venezuela realizará eleições em 28 de julho, sob desconfiança da comunidade internacional de que Maduro não assegure votações livres e democráticas — contrariando compromisso formal assinado em outubro de 2023.
O principal concorrente, escolhido a partir de uma coalizão de partidos opositores, é o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, anunciado pela Plataforma Democrática Unitária (PUD) após Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais.
Outro ponto do discurso de Lula foi a menção à Argentina. O presidente eleito em 2023, Javier Milei, participou da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Santa Catarina, no início do mês, mas de forma particular. Não cumpriu agenda oficial em Brasília e sequer foi recebido com honrarias.
Ferrenho defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado em 2022, Milei já atacou o petista anteriormente e chegou a chamá-lo de "perfeito dinossauro idiota".
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Uma semana antes, Lula disse que Milei devia a ele e aos brasileiros um pedido de desculpas por ter dito "um monte de coisas estúpidas" sobre o país, principal parceiro comercial da Argentina.
Em resposta, o argentino se recusou a pedir perdão ao presidente brasileiro e o descreveu como um "canhoto" com "ego inflado".
Hoje, Lula afirmou que o que lhe interessa, apesar dos ataques, "é a relação de Estado para Estado". "O que que o Brasil ganha? E o que o Brasil perde?", ponderou o presidente.
Na visão dele, a governança é exercida também no acolhimento da divergência: “Conversando, dialogando, sem se importar com o que alguém tenha falado de você há um tempo atrás, mas é pensando no futuro", falou, a exemplo da relação entre governo e Congresso Nacional.
"Porque não é tudo que o governo manda que tem que ser aprovado do jeito que o governo quer", explicou.