Venezuela condena atentado com explosões em Brasília e expressa solidariedade a Lula
Comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano vem horas depois de embaixador do país no Brasil anunciar que está voltando a Brasília
A Venezuela condenou, nesta quinta-feira (14), o atentado com explosões ocorrido na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta (13), e manifestou "absoluta solidariedade" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao povo brasileiro.
+ Autor de explosão em Brasília foi a gabinete de deputado em agosto
A nota publicada pelo Ministério das Relações Exteriores do país diz ainda que o ato teve o objetivo de "abalar a paz do governo" brasileiro e suas instituições.
"Estes acontecimentos [da última noite] demonstram, mais uma vez, o perigo que representa o avanço da onda fascista e antidemocrática que, utilizando as redes sociais e outros mecanismos de comunicação de massa, a extrema direita global tenta inocular no nosso continente para produzir desestabilização e caos social", pontua o comunicado.
A manifestação vem horas depois do embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, anunciar que está voltando a Brasília. Ele havia sido chamado a Caracas pelo governo Nicolás Maduro para consultas; o motivo, segundo o governo venezuelano, foram "recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro".
Tensões entre os países
Apesar do histórico amistoso entre Lula e Maduro, as relações se estremeceram ao longo deste ano, mesmo antes da eleição venezuelana, cujo resultado não foi reconhecido pelo Brasil.
Quando a líder da oposição, María Corina Machado, foi impedida de disputar a presidência, o Itamaraty emitiu nota dizendo que acompanhava o pleito com "preocupação". A Venezuela reclamou do posicionamento brasileiro.
Pouco antes da eleição, Maduro disse, sem citar provas, que as eleições no Brasil não são auditadas, em acusação rebatida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
+ Alckmin diz que redução da escala 6x1 é "tendência no mundo inteiro"
Novas crises ocorreram em outubro, quando o Brasil vetou entrada da Venezuela no Brics. O país de Maduro classificou a posição brasileira como "agressão inexplicável". O assessor da presidência brasileira Celso Amorim declarou que "houve uma quebra de confiança" entre os países sobre a eleição no país vizinho.
A Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela chegou a publicar uma imagem com a bandeira do Brasil, referência a Lula e mensagem em tom ameaçador: "Quem mexe com a Venezuela se dá mal". Depois, a publicação foi apagada.
Além disso, houve a convocação do embaixador em Brasília para retornar a Caracas. Uma decisão desse tipo costuma significar descontentamento e indica que um governo não se enxerga como bem-vindo em outro território.
Em nota publicada no dia 1º de novembro, o Itamaraty relatou ter visto com "surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais". Posteriormente, o governo venezuelano repudiou o que chamou de "agressão" do Brasil a Maduro.
Confira a íntegra do comunicado da Venezuela:
A República Bolivariana da Venezuela expressa sua forte condenação aos recentes atentados de 13 de novembro de 2024, ocorridos na Praça dos Três Poderes, na cidade de Brasília, e que visam abalar a paz do Governo e suas instituições, expressando seu absoluta solidariedade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a todo o povo brasileiro.
Estes acontecimentos demonstram, mais uma vez, o perigo que representa o avanço da onda fascista e antidemocrática que, utilizando as redes sociais e outros mecanismos de comunicação de massa, a extrema direita global tenta inocular no nosso continente para produzir desestabilização e caos social.
A Venezuela, fiel aos seus princípios de irmandade e fraternidade, continua a trabalhar para que a nossa região seja uma zona de paz e repudia qualquer tentativa que procure destruir a estabilidade e o bem-estar do nosso povo e do mundo.
Caracas, 14 de novembro de 2024