Venezuela convoca embaixador no Brasil e chama falas de Celso Amorim de "grosseiras"
Na diplomacia, convocar um embaixador significa repreensão a um país
O governo da Venezuela decidiu chamar o seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para "consultas". O motivo para a repreenda, alegado pelo governo de Nicolás Maduro, foi o comportamento e falas recentes do assessor da Presidência Celso Amorim sobre a relação entre Brasil e Venezuela. As nações vivem uma crise desde que o Brasil vetou a entrada da Venezuela nos Brics - Bloco econômico composto por Brasil, China, Rússia e outros países.
O governo venezuelano considerou as declarações de Amorim como "intervencionistas e grosseiras". Em comunicado, o país vizinho afirmou ainda que as falas do assessor especial de Lula "constituem uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados, ameaçando os laços que unem os dois países".
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Na terça-feira (29), durante uma sessão na Câmara, Amorim disse que a resposta de Maduro ao veto brasileiro nos Brics havia sido desproporcional e cheia de ofensas ao presidente Lula.
"Amorim tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas", critica o comunicado do governo venezuelano.
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O governo Lula ainda não se manifestou sobre o assunto.
Na prática da diplomacia, convocar um embaixador é compreendido como um gesto de repúdio.
Brasil x Venezuela
As tensões se intensificaram após a eleição em julho em que Nicolás Maduro foi declarado vencedor acusado de falta de transparência.
Por isso, o governo brasileiro vem pedindo que a Venezuela apresente as atas eleitorais, que comprovariam o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O governo brasileiro, que atuou como observador internacional das eleições, cobra a divulgação das atas para considerar válidos os resultados.
Na semana passada, o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics durante cúpula realizada em Kazan, na Rússia.