Trump afirma que EUA criará “centros de alimentação” em Gaza e contraria fala de Netanyahu
Presidente diz que muitos estão passando fome; Netanyahu havia negado gravidade da crise
SBT News
com informações da Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (28) que muitas pessoas estão morrendo de fome em Gaza, uma declaração que contradiz o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que no domingo afirmou que "não há fome em Gaza".
Trump ainda sugeriu que Israel poderia fazer mais em termos de acesso humanitário. À medida que a quantidade de mortos em quase dois anos de guerra em Gaza se aproxima de 60 mil, um número cada vez maior de pessoas está morrendo de fome e desnutrição, dizem as autoridades de saúde local.
O presidente dos EUA, durante visita à Escócia, declarou que Israel tem muita responsabilidade pelo fluxo de ajuda e que muitas pessoas poderiam ser salvas. "Tem muita gente passando fome", disse.
"Vamos criar centros de alimentação, sem cercas ou limites para facilitar o acesso", afirmou. Segundo ele, os EUA trabalharão com outros países para fornecer mais assistência humanitária ao povo de Gaza, incluindo alimentos e saneamento.
"Vai funcionar onde os Estados Unidos vão ajudar com a comida. Temos muita comida e vamos levá-la para lá. Também vamos garantir que não haja barreiras impedindo as pessoas. [...] Podemos salvar muitas pessoas. Quer dizer, algumas dessas crianças… isso é realmente fome. Eu vejo isso. E não dá para fingir. Então, vamos nos envolver ainda mais", afirmou Trump.
A Casa Branca publicou o momento da fala de Trump no X (antigo Twitter).
Fome em Gaza
O Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 14 pessoas morreram nas últimas 24 horas de fome e desnutrição, elevando o número de mortos de fome na guerra para 147, incluindo 88 crianças, grande parte nas últimas semanas.
+ Ao menos 147 palestinos morreram de fome em Gaza; 89 das vítimas eram crianças
Israel anunciou várias medidas no fim de semana, incluindo pausas humanitárias diárias nos combates em três áreas de Gaza, novos corredores seguros para comboios de ajuda e lançamentos aéreos. A decisão foi tomada após o colapso das negociações de cessar-fogo na sexta-feira.
À Reuters, Wessal Nabil, de Beit Lahiya, no norte de Gaza, descreveu a dificuldade de tentar alimentar seus três filhos. "Quando você vai para a cama com fome, você acorda com fome. Nós os distraímos com qualquer coisa para que se acalmem. Peço ao mundo, àqueles com corações misericordiosos, aos compassivos, que olhem para nós com compaixão, que sejam gentis conosco, que fiquem conosco até que a ajuda chegue e garantam que ela chegue até nós", disse.
Duas autoridades de defesa israelenses disseram que a pressão internacional motivou as novas medidas israelenses, assim como a piora das condições no local.
+ Caminhões de ajuda humanitária entram na Faixa de Gaza em meio à fome generalizada
As agências da ONU disseram ser necessário um fornecimento de ajuda estável e de longo prazo. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) afirmou que 60 caminhões de ajuda foram despachados. Quase 470 mil pessoas em Gaza estão enfrentando condições semelhantes às da fome, com 90 mil mulheres e crianças precisando de tratamentos nutricionais especializados, acrescentou.
"Nossa meta no momento, todos os dias, é levar 100 caminhões para Gaza", disse à Reuters o diretor regional do PMA para Oriente Médio, Norte da África e Europa Oriental, Samer AbdelJaber.
Netanyahu negou qualquer política de fome em relação a Gaza, dizendo que os suprimentos de ajuda seriam mantidos independentemente de Israel estar negociando um cessar-fogo ou lutando.