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Caminhões de ajuda humanitária entram na Faixa de Gaza em meio à fome generalizada

Bloqueio da entrada de alimentos no enclave foi aliviado após pressão internacional; fotos de crianças palestinas esqueléticas chocaram o mundo

Imagem da noticia Caminhões de ajuda humanitária entram na Faixa de Gaza em meio à fome generalizada
Caminhão com ajuda entra em território palestino após pausa humanitária | Reuters
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Dezenas de caminhões transportando ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (28), depois que Israel aliviou o bloqueio ao enclave em meio à pressão internacional com denúncias de fome generalizada e mortes de crianças palestinas por desnutrição severa.

+ Israel diz que entrada de ajuda humanitária será diária em Gaza, mas que "vai continuar a lutar"

Os caminhões com comida entraram em Gaza pelo segundo dia seguido a partir da passagem de Rafah, no Egito. Veículos da Cruz Vermelha, do Crescente Vermelho e de outras organizações internacionais foram vistos se deslocando do Egito em direção a Gaza.

O Crescente Vermelho Egípcio (ICRC) disse nesta segunda-feira que enviou 135 caminhões com cerca de 1.500 toneladas de alimentos e suprimentos de higiene pessoal para Gaza.

Pausa humanitária

Israel anunciou no domingo (27) que interromperia as operações militares por 10 horas diárias em algumas partes da Faixa de Gaza e permitiria novos corredores de ajuda. A decisão ocorreu enquanto Jordânia e Emirados Árabes Unidos realizavam lançamentos aéreos de suprimentos no enclave, onde imagens de palestinos famintos têm alarmado o mundo.

Segundo Matthew Morris, porta-voz da Cruz Vermelha egípcia, o lançamento de ajuda por paraquedas é limitado e perigoso. "As remessas de ajuda humanitária só conseguem trazer uma quantidade limitada de suprimentos. Serão gotas quando precisamos de uma enchente. Elas também podem ser perigosas", disse. Para ele, é preciso manter a entrada de alimentos por terra.

"A solução é intensificar o envio de suprimentos por via terrestre. Dia após dia, semana após semana. Abrir os portões para Gaza e mantê-los abertos", declarou.

A atividade militar será interrompida das 10h às 20h, no horário local, até novo aviso em Al-Mawasi, uma área humanitária designada ao longo da costa, no centro de Deir al-Balah e na Cidade de Gaza, ao norte.

Palestinos aguardam para receber comida de uma cozinha beneficente na Cidade de Gaza | REUTERS/Dawoud Abu Alkas
Palestinos aguardam para receber comida de uma cozinha beneficente na Cidade de Gaza | REUTERS/Dawoud Abu Alkas

Fome matou mais de 140 palestinos

A fome generalizada que atinge a Faixa de Gaza já matou ao menos 147 palestinos, informou nesta segunda o Ministério da Saúde do enclave. A maioria das vítimas era criança e pelo menos 21 delas tinham até 5 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) informou que, de abril a meados de julho, 20.504 crianças foram internadas com desnutrição aguda. Desses pacientes, 3.247 estão sofrendo de desnutrição aguda grave, quase o triplo do número registrado nos primeiros três meses do ano.

Segundo Salim Oweis, porta-voz da Unicef na Jordânia, somente nas duas primeiras semanas de julho, 5 mil crianças com desnutrição aguda foram tratadas em território palestino.

Oweis informou que Gaza está prestes a ficar sem alimentos terapêuticos prontos para uso (ATPU). Eles são usados em casos de grave desnutrição e devem ter os estoques esgotados até meados de agosto. "Estamos agora enfrentando uma situação terrível, pois estamos ficando sem suprimentos terapêuticos", disse.

🔎 Os ATPU são ricos em nutrientes e com alto teor calórico. Eles são uma mistura de manteiga de amendoim, leite desnatado em pó, vitaminas e minerais, e podem ser pastosos ou sólidos, como biscoitos.

Grande parte das mortes por desnutrição aconteceu nas últimas semanas, quando uma grave onda de fome causada pelo bloqueio de ajuda humanitária se abateu sobre o território palestino. O chefe da agência de refugiados palestinos da ONU disse, na terça-feira (22), que até funcionários, médicos e trabalhadores humanitários estão desmaiando durantes os serviços por fome e exaustão.

"Ninguém é poupado: os cuidadores em Gaza também estão precisando de cuidados. Médicos, enfermeiros, jornalistas e humanitários estão famintos", disse o comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini.

Israel mantém o controle de todos os suprimentos de ajuda para a Palestina, onde a população enfrenta deslocamentos frequentes e escassez extrema de itens básicos desde outubro de 2023. Em março, autoridades israelenses bloquearam totalmente a entrada de ajuda humanitária e, no fim de maio, após muita pressão internacional, um grupo apoiado pelos Estados Unidos e por Israel passou a administrar os centros de distribuição – o que tornou a busca por alimentos uma atividade de risco, com mais de mil pessoas mortas desde então.

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