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Ao menos 147 palestinos morreram de fome em Gaza; 89 das vítimas eram crianças

Caminhões com alimentos entraram no território pelo 2º dia seguido, mas agências alertam que fornecimento deve ser constante para combater agravamento da crise

Imagem da noticia Ao menos 147 palestinos morreram de fome em Gaza; 89 das vítimas eram crianças
Crianças palestinas buscam comida no norte da Faixa de Gaza | REUTERS/Mahmoud Issa
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Pelo menos 14 pessoas morreram nas últimas 24 horas de fome e desnutrição na Faixa de Gaza, informou o Ministério da Saúde do enclave palestino nesta segunda-feira (28). Com isso, subiu para 147 o número de mortos pela fome generalizada que assola o território desde o início do conflito com Israel. Das vítimas, 89 eram crianças.

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Israel realizou um lançamento aéreo de suprimentos e anunciou uma série de medidas, que incluem pausas humanitárias diárias em três áreas da Faixa de Gaza e novos corredores seguros para comboios de ajuda humanitária, depois que imagens de crianças esqueléticas chocaram o mundo. Entretanto, segundo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), será necessário um fornecimento constante de ajuda para combater o agravamento da crise de fome no território palestino.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou que 60 caminhões de ajuda foram enviados, mas que essa quantidade não conseguirá suprir as necessidades no enclave. "Sessenta caminhões definitivamente não são suficientes. Portanto, nossa meta no momento, todos os dias, é levar 100 caminhões para Gaza", afirmou Samer AbdelJaber, diretor regional do PMA.

Segundo a agência de auxílio alimentar da ONU, quase 470 mil pessoas estão enfrentando condições semelhantes às da fome na Faixa de Gaza, incluindo 90 mil mulheres e crianças que precisam de tratamentos nutricionais especializados.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) informou que, de abril a meados de julho, 20.504 crianças foram internadas com desnutrição aguda. Desses pacientes, 3.247 estão sofrendo de desnutrição aguda grave, quase o triplo do número registrado nos primeiros três meses do ano.

Segundo Salim Oweis, porta-voz da Unicef na Jordânia, Gaza está prestes a ficar sem alimentos terapêuticos prontos para uso (ATPU). Eles são usados em casos de grave desnutrição e devem ter os estoques esgotados até meados de agosto. "Estamos agora enfrentando uma situação terrível, pois estamos ficando sem suprimentos terapêuticos", disse.

🔎 Os ATPU são ricos em nutrientes e com alto teor calórico. Eles são uma mistura de manteiga de amendoim, leite desnatado em pó, vitaminas e minerais, e podem ser pastosos ou sólidos, como biscoitos.

Israel mantém o controle de todos os suprimentos de ajuda para a Palestina, onde a população enfrenta deslocamentos frequentes e escassez extrema de itens básicos desde outubro de 2023. Em março, autoridades israelenses bloquearam totalmente a entrada de ajuda humanitária e, no fim de maio, após muita pressão internacional, um grupo apoiado pelos Estados Unidos e por Israel passou a administrar os centros de distribuição – o que tornou a busca por alimentos uma atividade de risco, com mais de mil pessoas mortas desde então.

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Caminhões com ajuda entram em Gaza

Caminhão com ajuda entra em território palestino após pausa humanitária | Reuters
Caminhão com ajuda entra em território palestino após pausa humanitária | Reuters

Dezenas de caminhões transportando ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (28), depois que Israel aliviou o bloqueio ao enclave em meio à pressão internacional com denúncias de fome generalizada e mortes de crianças palestinas por desnutrição severa.

Os caminhões com comida entraram em Gaza pelo segundo dia seguido a partir da passagem de Rafah, no Egito. Veículos da Cruz Vermelha, do Crescente Vermelho e de outras organizações internacionais foram vistos se deslocando do Egito em direção a Gaza.

O Crescente Vermelho Egípcio (ICRC) disse nesta segunda-feira que enviou 135 caminhões com cerca de 1.500 toneladas de alimentos e suprimentos de higiene pessoal para Gaza.

Pausa humanitária

Israel anunciou no domingo (27) que interromperia as operações militares por 10 horas diárias em algumas partes da Faixa de Gaza e permitiria novos corredores de ajuda. A decisão ocorreu enquanto Jordânia e Emirados Árabes Unidos realizavam lançamentos aéreos de suprimentos no enclave, onde imagens de palestinos famintos têm alarmado o mundo.

Segundo Matthew Morris, porta-voz da Cruz Vermelha egípcia, o lançamento de ajuda por paraquedas é limitado e perigoso. "As remessas de ajuda humanitária só conseguem trazer uma quantidade limitada de suprimentos. Serão gotas quando precisamos de uma enchente. Elas também podem ser perigosas", disse. Para ele, é preciso manter a entrada de alimentos por terra.

"A solução é intensificar o envio de suprimentos por via terrestre. Dia após dia, semana após semana. Abrir os portões para Gaza e mantê-los abertos", declarou.

A atividade militar será interrompida das 10h às 20h, no horário local, até novo aviso em Al-Mawasi, uma área humanitária designada ao longo da costa, no centro de Deir al-Balah e na Cidade de Gaza, ao norte.

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