Rússia diz que França deve apresentar provas sólidas contra CEO do Telegram
Segundo o porta-voz do Kremlin, a prisão de Pavel Durov pode ser vista como "uma tentativa de restringir a liberdade de comunicação"
O governo russo se pronunciou sobre a prisão do fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, na França. O magnata da tecnologia foi detido em Paris no fim de semana sob alegações de que sua plataforma está sendo usada para atividades ilícitas, como tráfico de drogas e distribuição de imagens de abuso sexual infantil.
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Em coletiva de imprensa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu como "muito séria" as acusações contra Durov e afirmou que tais afirmações “exigem evidências que sejam igualmente sérias”, caso contrário, o caso contra ele será visto como uma medida política.
"Seria uma tentativa direta de restringir a liberdade de comunicação, e poderia até se dizer que há intimidação direta do chefe de uma grande empresa. Ou seja, isso obviamente estará enraizado na política, cuja presença nessa história foi negada pelo Sr. Macron."
O presidente francês afirmou na segunda-feira (26) que a prisão de Durov não foi um movimento político, mas parte de uma investigação independente.
"A prisão do presidente do Telegram em solo francês ocorreu como parte de uma investigação judicial em andamento. Não é de forma alguma uma decisão política. Cabe aos juízes decidir sobre o assunto", publicou no X, antigo Twitter.
Peskov também expressou esperança de que Durov tenha oportunidade de se defender legalmente e disse que Moscou está preparada para fornecer assistência, dado que ele é cidadão russo.
Durov, que nasceu na Rússia, passou grande parte de sua infância na Itália e também tem cidadania francesa e dos Emirados Árabes Unidos.
As últimas duas foram concedidas a ele no início da guerra russa na Ucrânia, quando o CEO se recusou a entregar dados pessoais dos usuários ucranianos da rede social Vkontakte — a versão russa do Facebook — ao Kremlin.
As redes sociais criadas por Durov são conhecidas por serem pioneiras no uso de criptografia para mensagens, uma característica que os outros aplicativos acabaram implementando ao longo dos anos.
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Relação estremecida
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, também foi questionado sobre a prisão em entrevista nesta terça-feira (27). Ele questionou o respeito da França à liberdade de expressão e afirmou que é exatamente por isso que as relações (Rússia-França) "estão piores do que nunca".