Quem é Ismail Haniyeh, líder político do Hamas assassinado no Irã
Membro do grupo palestino desde sua fundação, Ismail vivia em exílio no Catar e participava das negociações por cessar-fogo em Gaza
O chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado em Teerã, capital do Irã, na madrugada desta quarta-feira (31). A informação foi confirmada pela Guarda Revolucionária iraniana e pelo próprio grupo palestino, que culpou Israel. Segundo eles, o líder foi morto “em um ataque aéreo sionista em sua residência”.
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Membro do Hamas desde sua fundação em 1987, Haniyeh foi visto publicamente pela última vez na terça-feira (30), durante a posse do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. No evento, ele se encontrou com o novo chefe de Estado — eleito depois da morte de Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero —, bem como com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
Haniyeh nasceu no campo de refugiados de Shati, na costa da Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, após seus pais serem deslocados de Asqalan, agora conhecido como Ashkelon, quando Israel foi fundado em 1948.
Quando jovem, estudou literatura árabe na Universidade Islâmica da Cidade de Gaza. Foi lá que, em 1983, se juntou ao Bloco Estudantil Islâmico, tida como organização precursora do Hamas. Ismail participou da primeira Intifada — revolta palestina — em dezembro de 1987, mesmo ano da fundação do grupo palestino.
Como membro, foi preso ao menos três vezes por Israel. A sentença mais longa aconteceu nos anos 90, quando ficou três anos detido até ser deportado para o Líbano em 1992 com outros membros de grupos de resistência palestino.
Retornou à Gaza após a primeira assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993. A partir de então, passou a ser uma figura proeminente no grupo e foi nomeado primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP) após o Hamas ganhar a maioria dos votos nas eleições legislativas palestinas em 2006.
Sua nomeação gerou polêmica e levou os Estados Unidos — que haviam pedido as eleições — e outros países do Ocidente a interromper a ajuda financeira à AP. Em resposta, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas - até hoje no cargo - demitiu Haniyeh e dissolveu o parlamento. Contudo, isso resultou em um governo independente liderado por Ismail e o Hamas em Gaza em 2007.
Nomeado chefe do bureau político do Hamas em 2017, Haniyeh liderava desde então a diplomacia do grupo palestino enquanto vivia em exílio autoimposto no Catar. Nesse tempo, visitou Turquia e Irã, e, desde o início da guerra, após os ataques de 7 de Outubro, era responsável pelas negociações de cessar-fogo e libertação dos reféns israelenses.
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Em nove meses de guerra, o líder político do Hamas viu mais de 60 parentes morrerem na Faixa de Gaza, incluindo seus três filhos, quatro netos e uma irmã. O seu assassinato marca a mais recente morte de um líder sênior do Hamas.
Anteriormente, Saleh al-Arouri, outro alto funcionário do grupo palestino, foi morto em um ataque de drone em Beirute, capital do Líbano.
*Com informações da Associated Press e Al Jaazera