Principal diplomata do Vaticano diz que Israel está realizando um massacre em Gaza
Cardeal Pietro Parolin afirma que ofensiva israelense contra Hamas "desconsidera o fato de que tem como alvo uma população em grande parte indefesa"
Reuters
O principal diplomata do Vaticano criticou duramente o "massacre contínuo" de Israel em Gaza em comentários publicados nesta segunda-feira (6) – uma das mais fortes condenações da Igreja Católica à guerra de Israel contra o grupo militante Hamas.
Em uma entrevista vinculada ao segundo aniversário do ataque do Hamas às comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, o cardeal Pietro Parolin também chamou esses ataques de "desumanos e indefensáveis" e pediu ao Hamas que liberte os reféns restantes.
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"Aqueles que são atacados têm o direito de se defender, mas mesmo a defesa legítima deve respeitar o princípio da proporcionalidade", disse Parolin, o secretário de Estado do Vaticano e um dos principais representantes do papa Leão 14.
"A guerra travada pelo Exército israelense para eliminar os militantes do Hamas desconsidera o fato de que tem como alvo uma população em grande parte indefesa, já levada à beira do abismo, em uma área onde prédios e casas estão reduzidos a escombros", disse ele.
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"Está... claro que a comunidade internacional é, infelizmente, impotente e que os países realmente capazes de exercer influência até agora não agiram para impedir o massacre em curso", disse Parolin à mídia do Vaticano.
O Vaticano, que tem embaixadas em muitas capitais, normalmente usa uma linguagem cautelosa ao tratar de conflitos, preferindo evitar a cobertura da imprensa e operar nos bastidores.
Mas Leão 14, eleito em maio após a morte do papa Francisco, vem intensificando as críticas à campanha de Israel em Gaza.
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Ele pediu que Israel permita a entrada de mais ajuda e levantou a questão de Gaza em uma reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog, em setembro.
Parolin acrescentou: "Não é suficiente dizer que o que está acontecendo é inaceitável e depois continuar permitindo que aconteça".
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"Devemos nos perguntar seriamente sobre a legitimidade... de continuar a fornecer armas que estão sendo usadas contra civis." Ele não citou nenhum país.
Israel atacou Gaza após o ataque liderado pelo Hamas em 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram feitas reféns, de acordo com os registros israelenses.
A campanha de Israel matou mais de 67.000 pessoas em Gaza, a maioria civis, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.