Pelo menos 27 palestinos foram mortos perto de centro de ajuda humanitária em Gaza
Exército israelense confirmou o tiroteio; ONU exige investigação sobre os assassinatos

Giovanna Tuneli
Autoridades de saúde em Gaza confirmaram que pelo menos 27 palestinos foram mortos em novo ataque de Israel enquanto esperavam pela distribuição de ajuda perto de Rafah, no sul de Gaza. O tiroteio desta terça-feira (03) foi confirmado pelo exército israelense, alegando que as vítimas "representavam uma ameaça a eles". A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu uma investigação independente sobre os assassinatos.
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Testemunhas disseram à agência de notícias Associated Press que os tiros foram disparados por volta das 4h, no horário local, a cerca de um quilômetro do centro de ajuda humanitária. Segundo relatos, o ataque foi "indiscriminado" e alguns palestinos não querem mais buscar ajuda nos postos por medo de tiroteios.
"De qualquer forma, morreremos", disse uma das testemunhas.
De acordo com o Ministério de Saúde local, cerca de 40 palestinos foram mortos e 208 ficaram feridos em ofensivas de Israel em Gaza nas últimas 24 horas. O escritório de direitos humanos da ONU afirma que o impedimento do acesso a alimentos e ajuda humanitária para civis em Gaza pode constituir um crime de guerra, e classificou os ataques como "inconcebíveis".
"Pelo terceiro dia consecutivo, pessoas foram mortas perto de um local de distribuição de ajuda humanitária administrado pela 'Fundação Humanitária de Gaza'. Esta manhã, recebemos informações de que dezenas de outras pessoas foram mortas e feridas", disse Jeremy Laurence, porta-voz da ONU, à imprensa internacional.
O Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza acusou Israel de "um crime horrível e intencionalmente repetido" nesta terça-feira. O órgão afirma que os israelenses "atraíram palestinos famintos para centros de ajuda administrados pela Fundação Humanitária de Gaza e mataram 102 deles nos últimos oito dias".
O exército de Israel confirmou ter disparado "perto de alguns suspeitos" que deixaram a rota designada, se aproximaram de suas forças e ignoraram os tiros de advertência. Mas, os militares negaram ter aberto fogo contra civis ou impedido que chegassem aos locais de assistência. Autoridades do país vão investigar os relatos das vítimas, segundo a AP News.
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Além do tiroteio no centro de ajuda, outros oito palestinos foram mortos e vários ficaram feridos em um ataque aéreo israelense próximo a Faixa de Gaza. A ofensiva foi lançada contra uma tenda que abrigava pessoas deslocadas no bairro de Remal, na região oeste, segundo fontes do Hospital al-Shifa ao jornal Al Jazeera.