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Mobilização contra extrema-direita na França deu certo, mas desafios são grandes, diz especialista

Carol Pavese, professora de relações internacionais, analisa que cenário atual é de incertezas no futuro da política francesa

Mobilização contra extrema-direita na França deu certo, mas desafios são grandes, diz especialista
Franceses acompanham resultado das eleições legislativas | Reprodução
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A vitória surpreendente da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) no segundo turno das eleições legislativas da França foi assunto no programa Brasil Agora desta segunda-feira (8). Carol Pavese, professora de relações internacionais, analisou que paira "uma grande incerteza" na política do país a partir de agora, com uma Assembleia Nacional fatiada entre esquerda, centro e extrema-direita.

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Congresso "pendurado"

Apesar da vitória, a NFP conseguiu 182 cadeiras no parlamento, bem longe das 289 necessárias para assegurar maioria absoluta e poder nomear um novo primeiro-ministro — ao todo, o Congresso francês tem 577 assentos. E o presidente Emmanuel Macron já sinalizou que não pretende fechar aliança com todos os partidos do bloco de esquerda.

"Extrema-direita segue isolada. E a esquerda não tem fôlego suficiente para montar um governo só seu. Vamos ver como partidos vão se articular", comentou Pavese. Para a professora, a mobilização para "frear crescimento da extrema-direita deu certo".

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"Vários partidos de esquerda se juntaram, abriram mão de candidaturas quando necessário, para poder bloquear [a Reunião Nacional (RN), sigla liderada pela presidenciável Marine Le Pen]", explicou. Mesmo assim, a falta de um polo político com maioria absoluta pode paralisar o governo.

"Ninguém chegou na meta de 289 cadeiras. A gente tem o que se chama de Congresso 'pendurado', onde há essa divisão com vários partidos com número grande de congressistas, mas sem maioria. Vai ser necessária aliança. A questão é como vai ser formada", apontou a professora.

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Pavese explica que, no semipresidencialismo francês, o presidente atua como chefe de Estado e o primeiro-ministro ocupa a função de chefe de governo, articulando a política doméstica. Sem consenso, a agenda interna fica "travada".

O premiê Gabriel Attal, de 35 anos, chegou a apresentar pedido de renúncia, mas Macron recusou e decidiu mantê-lo temporariamente pelo menos até as Olimpíadas de Paris, que começam em 26 de julho.

Como ficará o governo de Macron?

E qual seria a alternativa de Macron? Ele poderia, segundo Pavese, escolher um novo primeiro-ministro tecnocrata. "Uma figura sem filiação partidária, que seria aprovada pelo Congresso e conduziria governo técnico, pouco político, que não conseguiria avançar em reformar, questões mais polêmicas, mas conduziria agenda de trabalho do Congresso no dia a dia", detalhou.

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Pavese também avaliou que a RN, mesmo derrotada, não representa um fenômeno passageiro na política francesa. O partido de extrema-direita começou timidamente nos anos 1970, com Jean-Marie Le Pen. A chegada de Marine Le Pen, filha do político, em 2011, "dá uma repaginada" na legenda.

"Jean-Marie tinha discurso abertamente antissemita, nazista, foi condenado várias vezes por discurso de ódio. Marine modera e moderniza partido. Esse discurso de ódio muito explícito encontra resistência no eleitor que não se identifica com todas essas agendas. Marine torna a RN mais palatável e a traz para o meio da política", analisou.

Assista ao Brasil Agora desta segunda (8)

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