Maduro desafia Trump e diz que "nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela"
Em discurso transmitido pela TV estatal, presidente criticou presença militar norte-americana na região em meio à escalada de tensões com Washington

Vicklin Moraes
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira (19) que "nenhum império vai tocar o solo sagrado da Venezuela”. A declaração foi feita em Caracas, durante um evento com governadores transmitido pela televisão estatal, e ocorre em meio à crescente tensão militar entre Estados Unidos e Venezuela.
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"Nossos mares, nossos céus e nossas terras nós defendemos, nós libertamos, nós vigiamos e nós patrulhamos. Nenhum império vai tocar o solo sagrado da Venezuela, nem deveria tocar o solo sagrado da América do Sul. Nunca mais impérios, com sua planta insolente, hão de pisar a terra sagrada de Bolívar. Já é humilhação suficiente existirem bases militares norte-americanas em solo colombiano. Humilhação demais para a terra pela qual Bolívar entregou todo o seu sacrifício”, declarou Maduro.
O presidente venezuelano fez referência a Simón Bolívar, líder militar e político conhecido como “O Libertador”, que comandou campanhas de independência contra o domínio espanhol, dando origem a países como Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
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Escalada com os EUA
A crise diplomática entre os países se agravou após os Estados Unidos anunciarem o envio de navios de guerra equipados com sistemas de mísseis para a costa da Venezuela. A operação, iniciada na segunda-feira (18), integra a estratégia do presidente Donald Trump para combater cartéis latino-americanos de drogas, classificados por Washington como organizações terroristas globais. Como resposta, Maduro afirmou que irá mobilizar 4,5 milhões de soldados da milícia em resposta à “ameaça” dos Estados Unidos.
Segundo a agência Reuters, cerca de 4 mil marinheiros e fuzileiros navais devem ser deslocados para o sul do Caribe. A frota inclui os destróieres USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, além de aviões de vigilância P-8 e ao menos um submarino de ataque.
No mês passado, o Departamento de Justiça dos EUA ofereceu uma recompensa de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) por informações que levassem à prisão de Maduro. Dias depois, o valor foi dobrado para US$ 50 milhões. Washington acusa o presidente venezuelano de chefiar o chamado Cartel de Los Soles, classificado como organização terrorista internacional.