Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro por tentativa de golpe em 2022
Ex-presidente foi indiciado pela PF como principal beneficiado de plano golpista que envolve militares de alta patente e ex-membros do governo bolsonarista
O indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe após as eleições de 2022 repercutiu em importantes veículos da imprensa internacional, nesta quinta-feira (21). Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas, incluindo o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, do Exército.
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O New York Times ressaltou o "amplo papel" de Bolsonaro na conspiração para se manter no poder, mesmo após a derrota eleitoral. O jornal também mencionou outras investigações envolvendo o ex-presidente, como a falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19 e o suposto desvio de joias recebidas como presentes de líderes estrangeiros.
No Reino Unido, o The Guardian trouxe como manchete: "Jair Bolsonaro é acusado de planejar golpe de Estado". A publicação relembrou o manifesto assinado por quase um milhão de brasileiros na época, alertando para os riscos à democracia e mencionando suspeitas de que Bolsonaro tentaria permanecer no cargo, mesmo derrotado nas urnas.
O jornal espanhol El País destacou que Bolsonaro está inelegível até 2030, após ser condenado por abuso de poder durante seu mandato. Segundo o periódico, o ex-presidente adotou repetidamente um discurso que ameaçava a normalidade democrática no Brasil.
Já o The Washington Post apontou que as investigações em curso têm enfraquecido Bolsonaro como líder da direita brasileira. O jornal citou o indiciamento de diversos ex-assessores e aliados, como o general Braga Netto, ampliando o impacto político do caso.
O indiciamento
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal em relatório encaminhado nesta quinta-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontaram que ele sabia e seria beneficiado pelo plano golpista orquestrado por militares, dentro e fora do governo, em 2022, após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. +Poder Expresso: Entenda o indiciamento de Bolsonaro pela PF por suposto plano para matar Lula e Moraes
Além do ex-presidente, o relatório da PF imputa crimes aos generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres e ao ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem (atual deputado federal).
O documento final une os inquéritos das operações Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro pela PF, e a Contragolpe, deste terça-feira (19) - que prendeu quatro militares das forças especiais, os chamados kids pretos e um policial federal. Eles foram acusados de tramar e executar um plano, que acabou abortado na ultima hora, para prender e até matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, no dia 15 de dezembro de 2022.
O plano previa também como alternativa, para o golpe de Estado, assassinar o presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin. O Supremo aguarda agora parecer do Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso. Será o terceiro indiciamento de Bolsonaro, nos processos de Moraes "Tentativa de envenenar eu e Alckmin não deu certo e nós estamos aqui", diz Lula sobre plano golpista