Hamas deixa o Cairo sem avanço em negociações por cessar-fogo em Gaza
Tratativas devem ser retomadas na próxima semana. O número de mortos no território palestino já passa de 30 mil
O Hamas deixou o Cairo, capital do Egito, nesta quinta-feira (7), sem avanços nas negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza em troca de reféns israelenses. Mediadas por Estados Unidos, Egito e Catar, as tratativas devem ser retomadas na próxima semana, segundo o grupo palestino.
De acordo com o porta-voz do Hamas, Jihad Taha, Israel “se recusa a comprometer-se e a dar garantias sobre um cessar-fogo”. O país não enviou uma delegação para a mesa de negociação.
Os mediadores tentam há semanas negociar um acordo sobre um cessar-fogo de seis semanas e a libertação de 40 reféns detidos em Gaza em troca de palestinos detidos em prisões de Israel. Contudo, autoridades egípcias já haviam dito que havia um impasse devido a exigências do Hamas.
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Para libertar os cerca de 100 reféns israelenses que permanecem em Gaza, o grupo quer um cessar-fogo permanente, a retirada de tropas de Israel da Faixa de Gaza e o retorno dos deslocados para o norte do território palestino. As condições já foram publicamente descartadas pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Em pronunciamento, ele afirmou que Israel pretende retomar a ofensiva após qualquer cessar-fogo, expandi-la para a populosa cidade de Rafah, no sul, onde mais de 1,5 milhão de civis estão refugiados, e lutar até à “vitória total”. De acordo com Netanyahu, "a pressão militar ajudará a libertar os reféns".
30 mil mortos
Enquanto isso, no enclave palestino, a crise humanitária aguda continua. Em comunicado nesta quinta-feira (7), o Ministério da Saúde de Gaza atualizou o número de mortos no conflito: 30.800, dois terços são crianças e mulheres. Também relatou 83 mortes nas últimas 24 horas e um total de 72.298 feridos desde 7 de outubro, quando o conflito começou.
A ação, desencadeada por um ataque do Hamas, deslocou a maior parte da população do território e levou um quarto dos palestinos à beira da fome.
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Uma das demandas do grupo é que Israel permita o retorno de palestino ao norte de Gaza. A região foi uma das primeiras a ser intensamente bombardeada e seus moradores obrigados a evacuar para o sul. Acredita-se que cerca de 300 mil palestinos permaneçam na região, que, desde janeiro, é impedida de receber qualquer ajuda humanitária -- incluindo fórmulas para bebês, insumos médicos e comida.
Segundo a agência da ONU para a infância (Unicef), uma em cada seis crianças, menores de dois anos, está desnutrida no Norte de Gaza e pelo menos 10 crianças morreram de desidratação e desnutrição. O Ministério da Saúde de Gaza fala em 20 mortos por fome, e outras seis em risco de morrer de desnutrição e desidratação na região.