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Arcebispo que coroou rei Charles III renuncia em meio a escândalo de abusos sexuais

Investigação aponta que o chefe da igreja anglicana, Justin Welby, falhou em relatar mais de 100 abusos a autoridades

Arcebispo que coroou rei Charles III renuncia em meio a escândalo de abusos sexuais
Rei Charles III e o Arcebispo da Cantuária, Justin Welby
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O Arcebispo da Cantuária, Justin Welby, renunciou nesta terça-feira (12) em meio a um escândalo de abuso sexual envolvendo um voluntário da instituição. Líder da Igreja da Inglaterra, ele foi responsável por coroar o rei Charles III após o falecimento da rainha Elizabeth.

+ Padre é condenado a 43 anos de prisão por abuso sexual em igreja e colégio religioso

Segundo uma investigação independente, o chefe da igreja anglicana não notificou a polícia sobre abusos físicos e sexuais cometidos pelo homem em acampamentos cristãos de verão, mesmo após ter conhecimento do caso, em 2013, ano em que se tornou Arcebispo da Cantuária.

A pressão sobre Welby vinha crescendo desde a divulgação do relatório na última quinta-feira (7), que gerou indignação quanto à falta de medidas por parte da igreja. As maiores críticas vieram das vítimas de John Smyth, um advogado proeminente que abusou de adolescentes em acampamentos religiosos no Reino Unido, Zimbábue e África do Sul durante mais de cinco décadas.

Andrew Morse, uma das vítimas, afirmou que a saída de Welby representa uma oportunidade para a igreja iniciar a reparação dos erros históricos no tratamento de abusos.

+ Igreja Católica de Portugal diz que indenizará vítimas de abuso sexual

"Acredito que agora ele tem a oportunidade de renunciar,” disse Morse à BBC antes de Welby deixar o cargo. “Digo ‘oportunidade’ no sentido de que isso seria uma chance para ele se posicionar ao lado das vítimas de Smyth e de todas as vítimas que não foram tratadas de forma adequada pela Igreja da Inglaterra em seus próprios casos de abuso.”

O caso é mais um de uma longa crise de abusos históricos na Igreja da Inglaterra. Em 2022, um relatório da Inquérito Independente sobre Abuso Sexual Infantil concluiu que fatores como a deferência à autoridade clerical e uma cultura de proteção aos abusadores criaram um ambiente permissivo para que esses crimes ocorressem.

Smyth teria feito mais de 30 vítimas no Reino Unido e 85 na África. Segundo a investigação, os oficiais da igreja tomaram conhecimento dos abusos pela primeira vez em 1982, quando receberam os resultados de uma investigação interna sobre Smyth. Contudo, os destinatários daquele relatório “participaram de uma ocultação ativa” para impedir que os resultados viessem a público.

Smyth se mudou para o Zimbábue em 1984 e depois se estabeleceu na África do Sul. Continuou a abusar de meninos e jovens no Zimbábue, e há indícios de que os abusos continuaram na África do Sul até sua morte em agosto de 2018.

Inicialmente, Welby assumiu a responsabilidade pela omissão, declarando que as alegações deveriam ter sido investigadas com mais rigor. No entanto, decidiu inicialmente não renunciar, e seu gabinete chegou a emitir uma nota reafirmando essa decisão.

+ Estudo aponta abuso de 4,4 mil pessoas na Igreja Católica de Portugal

Na nota de renuncia divulgada nesta terça-feira (12), o religiso afirmou que "deve assumir a responsabilidade".

“Está muito claro que devo assumir a responsabilidade pessoal e institucional pelo longo e traumático período entre 2013 e 2024,” disse Welby. “Acredito que me afastar é o melhor para a Igreja da Inglaterra, que amo profundamente e que tive a honra de servir.”

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