Estudo aponta abuso de 4,4 mil pessoas na Igreja Católica de Portugal
Maioria dos crimes foi cometido contra vítimas do sexo masculino; relatório estuda casos desde 1950
Cerca de 4,4 mil pessoas foram vítimas de abuso sexual na Igreja Católica de Portugal nos últimos 70 anos. O dado, divulgado nesta 2ª feira (13.fev) pela Comissão Independente para o Estudo do Abuso Infantil na Igreja Católica, aponta que a maioria dos crimes foram cometidos em seminários e colégios, sobretudo entre 1960 e 1980.
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Apesar de alto, o presidente da Comissão, Pedro Strecht, disse que o número de vítimas pode ser ainda maior, uma vez que nem todos denunciam os casos e algumas pessoas foram abusadas mais de uma vez. Segundo ele, nos últimos meses de pesquisa, 512 vítimas se apresentaram aos autores do estudo para prestar queixa dos crimes.
"Na nossa amostra, existe um percentual maior de vítimas do sexo masculino (52%), mas, também, um número importante de vítimas do sexo feminino (47%). Os abusadores são, em 96%, do sexo masculino e, 77%, tinha na altura da Igreja a função de padre. No total, 25 casos foram enviados ao Ministério Público", afirmou Strecht.
O relatório aponta que os abusos ocorrem, principalmente, nos distritos de Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria, com grande parte das vítimas entre 10 e 14 anos. No caso dos homens, foram cometidos sexo anal, manipulação de órgãos sexuais e masturbação, enquanto as mulheres sofreram sobretudo com casos de "insinuação".
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"Para as vítimas não basta um acompanhamento espiritual. É fundamental um tratamento psicológico, como psicoterapia intensiva. No entanto, o tratamento mais importante é uma justiça célere e eficaz. Precisamos denunciar essas situações para que a justiça possa atuar", disse Daniel Sampaio, psiquiatra e integrante do Comissão.