Igreja Católica de Portugal diz que indenizará vítimas de abuso sexual
Relatório independente apontou para cerca de 4,4 mil casos nos últimos 70 anos; valor da compensação será decidido caso a caso
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse, na quinta-feira (11), que irá indenizar as vítimas de abuso sexual infantil em Portugal. A decisão vem após uma semana de debate, que resultou na criação de um fundo financeiro para compensação das vítimas. Os valores não foram divulgados, pois serão definidos caso a caso.
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“Em comunhão com o sofrimento das vítimas, os Bispos portugueses reafirmam o total compromisso de tudo fazer para a sua reparação e manifestam o desejo de que este processo de acolhimento, acompanhamento e prevenção seja um contributo para a atuação da sociedade em geral neste tema”, disse a CEP, em comunicado.
O anúncio ocorre pouco mais de um ano após a divulgação do relatório da Comissão Independente para o Estudo do Abuso Infantil na Igreja Católica. No documento, foram apontados cerca de 4,4 mil casos de abuso sexual infantil nas igrejas de Portugal ao longo de sete décadas. Os crimes foram cometidos por clérigos, a maioria padres.
Apesar de alto, o presidente da Comissão, Pedro Strecht, disse que o número de vítimas deve ser ainda maior, uma vez que nem todos denunciam os casos e algumas pessoas foram abusadas mais de uma vez. Segundo ele, os abusos ocorrem principalmente nos distritos de Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria, em vítimas entre 10 e 14 anos.
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Os pedidos de indenização deverão ser apresentados às Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis entre junho e dezembro de 2024, ou ao grupo Vita, que visa acolher vítimas de violência sexual em igrejas. Posteriormente, uma comissão de avaliação da CEP determinará os montantes e as datas das compensações;