Bispo emérito de Catanduva (SP) é investigado por estupro de padre
Crime teria acontecido em 2023, mas pároco registrou boletim de ocorrência em março deste ano após revolta com atuação da Igreja
O bispo emérito de Catanduva (SP), Dom Valdir Mamede, está sendo investigado por estupro, assédio e importunação sexual contra um padre. O crime teria acontecido em 2023, mas o pároco procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência em março deste ano.
Segundo a denúncia do padre, de 31 anos, foram muitas as situações em que o então bispo da Diocese de Catanduva, no interior de São Paulo, teria usado de seu papel como líder espiritual para abusar dele. A violência sexual aconteceu em 2023, na casa do superior.
"Ele pulou em cima de mim, com mordidas, ameaças. Foi introduzindo a língua dele dentro da minha [boca]. Depois, com muita pressão psicológica, o pênis na minha boca e ejaculou lá dentro", contou à reportagem do SBT Interior.
Após o crime, o bispo emérito, que renunciou ao cargo em novembro do ano passado, pressionou o padre para que ele não contasse o que tinha acontecido. Segundo o pároco, ele dizia que "ia acabar" com a vida dele. "Seria a palavra dele contra a minha", disse.
Ainda de acordo com o padre, alguns seminaristas o procuraram, denunciando que também sofriam abusos sexuais por parte do bispo emérito, de 62 anos.
A vítima resolveu denunciar Dom Mamede à Nunciatura Apostólica. O Arcebispo de Ribeirão Preto (SP), Dom Moacir Silva, foi o responsável por realizar a investigação interna da igreja. Em novembro, o Vaticano anunciou que havia aceitado a renúncia do bispo, mas sem informar os motivos para a ação.
Apesar da renúncia, o bispo emérito seguiu recebendo salários e benefícios, o que revoltou o padre. A vítima, então, procurou a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência. Ele reuniu provas, como reproduções de conversas com o líder espiritual e até mesmo amostras de sêmen, e entregou para os investigadores responsáveis pelo inquérito.
Em nota, a Diocese de Catanduva informou que "diante de infrações penais cometidas por membros da Igreja Católica em caráter individual, as autoridades competentes devem ser acionadas para tomar as providências cabíveis".