Antivacina para Saúde e bilionário para eficiência: veja as polêmicas indicações de Trump
Presidente eleito dos Estados Unidos tomará posse em janeiro de 2025, mas já começou a anunciar nomes para sua equipe
Camila Stucaluc
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a divulgar os nomes que farão parte de seu governo em 2025. A última indicação ocorreu na noite de sexta-feira (15), quando o republicano nomeou Karoline Leavitt como futura secretária de imprensa na Casa Branca. Aos 27 anos, ela será a pessoa mais jovem a ocupar o cargo.
Além de Karoline, outros nomes foram divulgados por Trump, como o ativista antivacina Robert F. Kennedy Jr., que chefiará a pasta da Saúde, e Tom Homan, conhecido como “czar das fronteiras”, que estará à frente da fiscalização de imigração. O bilionário Elon Musk também integrará o governo, no Departamento de Eficiência Governamental.
Conheça todos os nomeados para o governo Trump até agora:
Susie Wiles, chefe de gabinete
Susie Wiles foi o primeiro nome a ser anunciado por Trump. Ela, que comandou a campanha eleitoral do republicano este ano, será a próxima chefe de gabinete na Casa Branca – a primeira mulher a ocupar o cargo na história.
Nos Estados Unidos, o chefe de gabinete pode ser comparado ao ministro da Casa Civil do Brasil. Susie terá a missão de supervisionar e coordenar as atividades diárias da Casa Branca, bem como organizar as secretarias e equilibrar prioridades políticas.
Apesar de não ter muita experiência em Washington, uma vez que seu último trabalho na capital foi na década de 1980, Susie possui um bom relacionamento com Trump, o que irá favorecê-la na hora de aconselhar o republicano. Durante a campanha eleitoral, ela foi vista como a única a conseguir controlar os impulsos de Trump, mas sem repreendê-lo.
Tom Homan, chefe da agência responsável pelo controle de fronteiras e imigração (ICE)
Tom Homan foi nomeado para comandar a agência de fronteira e imigração do governo norte-americano. Ele chegou a trabalhar com Trump na primeira parte de seu primeiro mandato, entre janeiro de 2017 e meados de 2018.
Ao todo, Homan ficou ao lado de Trump por um ano e cinco meses, antes de renunciar ao cargo de diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês). O curto período, contudo, foi suficiente para ele receber o apelido de “czar das fronteiras” – em referência aos imperadores que governaram a Rússia até 1917.
Isso porque Homan ficou conhecido por sua política “linha dura”. No cargo, ele apoiou, por exemplo, a doutrina “tolerância zero”, na qual qualquer adulto que tentasse entrar no país de forma irregular seria processado judicialmente. Como menores de idade não podiam ser presos, milhares de crianças foram separadas de seus pais.
Mesmo ainda sem exercer o cargo, Homan já foi encarregado da sua primeira missão: coordenar a maior deportação em massa de imigrantes ilegais no país.
Elise Stefanik, embaixadora dos EUA na ONU
A deputada Elise Stefanik foi escolhida por Trump para representar os Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar de possuir pouca experiência em política externa, ela vem sendo uma forte aliada de Trump desde 2019, atuando, inclusive, como presidente da Conferência Republicana na Câmara.
Elon Musk e Vivek Ramaswamy, Departamento de Eficiência Governamental
O bilionário Elon Musk, que foi um dos principais financiadores da campanha de Trump nas eleições deste ano, comandará o Departamento de Eficiência Governamental. Ele estará ao lado do empresário Vivek Ramaswamy – que chegou a concorrer com Trump nas primárias do Partido Republicano no início do ano.
Durante a campanha, Trump havia prometido que, se eleito, colocaria Musk em um cargo com o objetivo de reduzir desperdícios e cortar despesas indevidas. O bilionário já prometeu cortes de até US$ 2 trilhões na burocracia federal, admitindo que essas mudanças podem causar dificuldades temporárias para a população.
Críticos apontam riscos de conflito de interesses na indicação de Musk, uma vez que seus negócios poderiam ser beneficiados em possíveis ações do governo.
Robert Kennedy Jr., secretário da Saúde
O ex-democrata e advogado Robert F. Kennedy Jr. estará à frente do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. O escolhido, que abandonou sua candidatura às eleições deste ano após fazer um acordo com Trump, é conhecido pelo ativismo contra vacinas, como a da Covid-19, e pela divulgação de teorias de conspiração.
Em 2021, o Instagram chegou a suspender a conta de Kennedy Jr. por compartilhar repetidamente informações falsas sobre a pandemia de Covid-19, bem como sobre a vacina contra a doença. Ele chegou, até mesmo, a pressionar o Congresso para isentar os pais dos requisitos estaduais que exigiam que seus filhos fossem vacinados.
Pete Hegseth, secretário de Defesa
Apresentador da Fox News e veterano do Exército, Pete Hegseth vai atuar como secretário de Defesa. Ele, que já serviu no Afeganistão e no Iraque, foi escolhido devido à amizade que desenvolveu com Trump durante as gravações da rede de TV norte-americana considerada pró-Trump.
John Ratcliffe, chefe da Agência Central de Inteligência (CIA)
John Ratcliffe será o próximo diretor da agência de inteligência dos Estados Unidos. Ele atuou como diretor de Inteligência Nacional durante o primeiro mandato de Trump, liderando agências de espionagem norte-americanas durante a pandemia da Covid-19.
Na época, Ratcliffe foi acusado por opositores de politizar o cargo para atacar adversários de Trump nas eleições de 2020, incluindo Joe Biden. Ele também recebeu várias críticas por contradizer avaliações de servidores de carreira.
Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional
O deputado da Flórida Waltz foi confirmado por Trump como conselheiro de Segurança Nacional. Ele terá um papel fundamental nas decisões de segurança nacional e política externa, como as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Waltz é um leal defensor de Trump que apoiou os esforços para derrubar o resultado da eleição de 2020. Ele é considerado linha-dura com a China e chegou a pedir, em 2020, boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim por causa da origem do Covid-19. Waltz também foi contra a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.
Matt Gaetz, comando da Justiça Federal
Apesar de ser conhecido como um dos congressistas mais polêmicos dos Estados Unidos, Matt Gaetz foi escolhido como secretário de Justiça e procurador-geral. Seu nome já esteve envolvido em uma investigação de tráfico sexual – que terminou sem acusações formais contra ele –, bem como em alegações de má conduta sexual.
Stephen Miller, vice-chefe de governo para política
Trump escolheu Stephen Miller para ser o vice-chefe de governo para a política. Ele foi um dos principais conselheiros do republicano em seu primeiro mandato e ficou conhecido por sua política linha-dura em relação à imigração. Ao lado de Homan, ele participou da decisão de separar milhares de famílias de imigrantes ilegais em 2018.
Lee Zeldin, administrador da Agência de Proteção Ambiental
O ex-congressista de Nova York Lee Zeldin foi nomeado para liderar a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). Aliado do republicano, ele foi um dos que votaram contra a certificação dos resultados das eleições presidenciais de 2020.
No anúncio, Trump afirmou que Zeldin "garantirá decisões de desregulamentação justas e rápidas que serão promulgadas de forma a liberar o poder das empresas americanas". Essa é uma das promessas de campanha do republicano que mais preocupam as autoridades ambientais, pois pode aumentar as emissões de gases de efeito estufa.
Marco Rubio, secretário de Estado
Trump oficializou o senador Marco Rubio como secretário de Estado – cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores no Brasil. Apesar de não comentar sobre seus objetivos de política externa, Rubio é conhecido por ser defensor de Israel e favorável ao fim da guerra na Ucrânia. Ele também defende uma maior pressão sobre a China.
Na América Latina, o foco principal de Rubio na região provavelmente será o México, no comércio, tráfico de drogas e migração.
Tulsi Gabbard, diretora de inteligência
Tulsi Gabbard será diretora de inteligência nacional. Ela deixou o Partido Democrata em 2022 e endossou Trump neste ano, tornando-se popular entre seus apoiadores.
Gabbard é veterana com três missões em zonas de guerra no Oriente Médio e na África. Ela serviu nas Forças Armadas por mais de duas décadas, sendo atualmente tenente-coronel da Reserva do Exército dos Estados Unidos. Segundo Trump, a ideia é que Gabbard use seu "espírito destemido" para reformar os serviços de inteligência do país.
Doug Burgum, secretário do Interior
Doug Burgum irá chefiar o Departamento do Interior – responsável por arrendar os terrenos federais para produção de energia fóssil e supervisionar os parques nacionais. Ele, que era o favorito da indústria petrolífera para ocupar o cargo, desempenhará um papel de "czar da energia", comandando o novo Conselho Nacional de Energia.
Atual governador de Dakota do Norte, Burgum assumiu uma tendência voltada para os negócios, onde a agricultura e o petróleo são as principais indústrias. Ele defende a exploração de combustíveis fósseis para que os Estados Unidos não dependam da produção de outros países.
Kristi Noem, secretária de Segurança Interna
A governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, será a próxima secretária do Departamento de Segurança Interna. Segundo Trump, ela trabalhará ao lado do "czar" – Homan – para “proteger a fronteira e garantir a segurança da pátria”.
Apoiadora de Trump de longa data, Kristi também é conhecida por ser “linha dura” na imigração. Neste ano, ela chegou a se juntar com outros governadores republicanos que enviaram tropas ao Texas para ajudar na Operação Lone Star do Texas, que buscava desencorajar a travessia de imigrantes vindos do México.